ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 14-6-2002.

 


Aos quatorze dias do ms de junho do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Marcelo Danéris, Paulo Brum, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Zé Valdir e Elias Vidal. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Sétima Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Quadragésima Quinta e Quadragésima Sexta Sessões Ordinárias, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, o Projeto de Lei do Legislativo n° 128/02 (Processo n° 2157/02) e o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 004/02 (Processo n° 2155/02); pelo Vereador Ervino Besson, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Estilac Xavier, o Projeto de Lei do Legislativo n° 127/02 (Processo n° 2114/02); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações n° 148/02 (Processo n° 2120/02) e o Projeto de Resolução n° 078/02 (Processo n° 2103/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de Providências, o Projeto de Lei do Legislativo n° 126/02 (Processo n° 2064/02) e a Emenda n° 17 ao Projeto de Lei do Executivo n° 044/02 (Processo n° 2018/02); pelo Vereador Raul Carrion, as Emendas n°s 14, 15 e 16 ao Projeto de Lei do Executivo n° 044/02 (Processo n° 2018/02). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 442/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 045/02 (Processo nº 2142/02); de nº 443/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 046/02 (Processo n° 2143/02); de n° 444/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 047/02 (Processo n° 2144/02); de n° 445/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 048/02 (Processo n° 2145/02); de n° 446/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 049/02 (Processo n° 2146/02); de n° 447/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n° 050/02 (Processo n° 2153/02). Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente: de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 107/02 (Processo n° 1734/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município; de autoria do Vereador Fernando Záchia, solicitando que o Projeto de Resolução n° 070/02 (Processo n° 1634/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município; de autoria do Vereador Raul Carrion, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 225/01 (Processo n° 3204/01), seja retirado da Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 360, 365, 366 e 367/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 10331112, 10331429, 10331681, 10331784 e 10331837/02, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A seguir, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 044/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Sofia Cavedon e Estilac Xavier. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o aniversário, hoje, do Vereador Cassiá Carpes. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo n° 111/02; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 285/01 e 117/02, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, 119 e 121/02, o Projeto de Resolução n° 072/02. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou o aniversário, amanhã, do Vereador Isaac Ainhorn. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn discorreu sobre as diretrizes políticas adotadas pelo Partido Democrático Trabalhista em defesa dos direitos dos trabalhadores, especialmente durante os períodos em que o Senhor Getúlio Vargas governou o País. Também, manifestou-se favoravelmente à aprovação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, que dispõe sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados no Município. Na ocasião, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, o qual, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Sebastião Melo, foi retirado de tramitação pelo Autor, tendo os Vereadores Sebastião Melo e Marcelo Danéris manifestado-se sobre o tema. Também, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às dez horas e quarenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e cinqüenta e nove minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Marcelo Danéris, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, face manifestação do Vereador Nereu D'Avila, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo pronunciou-se sobre denúncias de irregularidades administrativas no Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, especificamente no que tange à contratação de empresas prestadoras do serviço de recolhimento de resíduos orgânicos no Município. Nesse sentido, propôs a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - para averiguar as referidas denúncias. O Vereador Paulo Brum registrou a liberação de recursos financeiros, pelo Governo Federal, para a área de saúde pública do Município de Porto Alegre. Também, referiu-se à matéria publicada na edição de ontem do Jornal Diário Gaúcho, que versa sobre a necessidade de destinação de verbas públicas estaduais para atender aos portadores de deficiência física no Estado e saudou iniciativas dessa natureza desenvolvidas por empresas privadas. O Vereador Luiz Braz teceu considerações a respeito de denúncias de irregularidades administrativas no DMLU, criticando a postura adotada pelo Executivo Municipal no que tange aos processos de licitação para a prestação de serviços nas diversas áreas do Município. Também, aludiu às relações políticas estabelecidas entre o Senhor Diógenes de Oliveira e o Partido dos Trabalhadores e contrapôs-se às diretrizes do Programa de Orçamento Participativo. O Vereador João Antonio Dib discursou sobre a importância da destinação de verbas públicas, pelo Governo Municipal, a serem aplicadas em obras sociais e serviços à população. Ainda, lembrou aspectos peculiares das administrações efetuadas pelo Senhor Loureiro da Silva, ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre, em prol do desenvolvimento da Cidade e manifestou-se contrariamente à aplicação de recursos públicos municipais no sistema financeiro nacional. O Vereador Raul Carrion comentou dados divulgados pela imprensa acerca do superávit primário brasileiro no corrente ano, defendendo a aplicação desses recursos em políticas públicas voltadas para a área social do País. Também, examinou criticamente o modelo sócioeconômico implementado pelo Executivo Federal, apontando pesquisas de opinião favoráveis aos candidatos à Presidência da República que fazem oposição ao atual Governo. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Jair Rizzo, do PDT do Município de Rio Grande - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia discorreu sobre o Congresso Nacional do Partido Socialista Brasileiro, com o intuito de definir os candidatos para as próximas eleições gerais. Em relação ao assunto, ressaltou a disposição do partido em indicar, no dia vinte e dois de junho do corrente, o candidato ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul e externou seu apoio à união dos partidos que professam ideologias socialistas. O Vereador Marcelo Danéris questionou os objetivos políticos da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - instalada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul no ano de dois mil e um, a fim de averiguar denúncias de irregularidades na Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança. Também, destacou a importância do próximo pleito eleitoral no que se refere às diretrizes políticas e sociais do País. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Nereu D'Avila e Isaac Ainhorn formularam Questões de Ordem e manifestações sobre o processo de votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Em Renovação de Votação, foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 1° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por onze votos SIM e dezoito votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Raul Carrion, Nereu D'Avila, Maria Celeste, Cassiá Carpes, João Antonio Dib, Antonio Hohlfeldt, Reginaldo Pujol e Fernando Záchia, em votação nominal solicitada pelo Vereador Estilac Xavier, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Elias Vidal e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Zé Valdir, tendo apresentado Declaração de Voto os Vereadores Reginaldo Pujol, Antonio Hohlfeldt, Fernando Záchia, Almerindo Filho e Paulo Brum e tendo o Senhor Presidente, face manifestação do Vereador Fernando Záchia, prestado esclarecimentos sobre as normas regimentais atinentes à apresentação de Declarações de Voto. Também, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Estilac Xavier, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, e João Antonio Dib, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre o processo de votação do artigo 2° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Em Renovação de Votação, foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 2° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por dezoito votos NÃO e seis ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Carlos Alberto Garcia, Juarez Pinheiro, Nereu D'Avila e Sebastião Melo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Zé Valdir, tendo votado Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Zé Valdir e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Elias Vidal. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do processo de votação do artigo 3° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Em Renovação de Votação, foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 4° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por dezoito votos NÃO e quatro ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada pelo Vereador Estilac Xavier, tendo votado Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Zé Valdir e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Elias Vidal. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib apresentou Declaração de Voto, tendo o Senhor Presidente, face Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Carlos Alberto Garcia e João Antonio Dib, prestado esclarecimentos sobre o assunto e declarado prejudicado o artigo 3º do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Decreto Legislativo n° 001/02 (Processo nº 0949/02), que foi discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Sebastião Melo, Reginaldo Pujol, Estilac Xavier, João Antonio Dib e Zé Valdir. Durante a apreciação do Projeto de Decreto Legislativo nº 001/02, os Vereadores Marcelo Danéris, Fernando Záchia e Maria Celeste cederam seus tempos de discussão, respectivamente aos Vereadores Juarez Pinheiro, Sebastião Melo e Estilac Xavier. Também, face Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da discussão do Projeto de Decreto Legislativo nº 001/02. A seguir, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, a qual obteve oito votos SIM, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Estilac Xavier e João Antonio Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, João Antonio Dib, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Sofia Cavedon e Zé Valdir, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Às quatorze horas e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, João Carlos Nedel e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Requeiro que transfiramos as Comunicações de hoje para segunda-feira e entremos diretamente na Pauta Especial e Pauta, a fim de viabilizar a votação dos projetos na Sessão de hoje.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Mesmo não contando, o Ver. Paulo Brum lembra muito bem, com dezessete Vereadores presentes, mas considerando que não há nenhum Vereador que se manifeste contrariamente, esta Presidência defere o pedido e passamos à

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2018/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 044/02, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2003 e dá outras providências. Com Emendas nºs 1 a 13.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, vamos continuar a análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o grande momento do Vereador, quando ele estabelece regras para que o Orçamento do ano seguinte seja elaborado pela Prefeitura. Sempre digo que lei é lei, deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. Fiz uma análise, outro dia, de que o Prefeito João Verle me decepcionava, tendo sido ele Vereador, substituindo o Prefeito, e apenas copiasse a exposição de motivos do Prefeito anterior, que se resume a dois parágrafos. E como lei é lei e deve ser respeitada, a Lei Complementar n.º 414 - porque, é claro, a Prefeitura é contrária, eu respeito a Lei, não respeito o mérito -, quando foi colocada em votação, aprovada neste Plenário, uma Lei de iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt, o Prefeito, que na oportunidade era o Dr. Raul Jorge Anglada Pont, que viajava muito e cuidava pouco da Cidade, vetou. O veto foi derrubado, a Lei foi promulgada pelo Presidente da Casa, Ver. Luiz Braz, e pelo 1.º Secretário, Ver. Juarez Pinheiro. É Lei Complementar tão forte quanto as outras leis complementares, e no seu artigo 15 diz: (Lê.) “A proposta de Diretrizes Orçamentárias compor-se-á de mensagem que conterá pormenorizada justificativa sobre os vários aspectos que integram a proposta.” Não há uma linha a respeito da proposta orçamentária.

Feita esta observação de desrespeito, eu vou olhar aqui o artigo da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias de S. Ex.ª, o Sr. Prefeito João Verle, sobre política de pessoal e salarial. Eu vou ficar apenas no art. 21 que, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que fez o Orçamento de 2002, era o art. 24, também foi copiado e diz que: (Lê.) “A admissão de servidores na Administração Pública Municipal será efetivada conforme o que dispõe o art. 19 da Lei Orgânica Municipal.” A Lei Orgânica Municipal, que o Prefeito João Verle jurou cumprir, que o Secretário da Administração jurou cumprir, que os Vereadores juraram cumprir diz que a admissão se faz por concurso. Alguns dias atrás, no fim do mês passado, antes de votar a abertura ou não do comércio aos domingos, nós criamos seiscentos e setenta e dois cargos para saúde. Uma das coisas que o Executivo não queria mais era o auxiliar de enfermagem, porque agora tem de ser técnico de enfermagem. Para que respeitassem aqueles concursados que pagaram para fazer concurso e foram aprovados, nós até colocamos mais uns cargos de auxiliar de enfermagem substituindo outros, mas mantivemos os seiscentos e setenta e dois cargos. Portanto, aprovada a lei, sancionada a lei, publicada a lei, se o Prefeito, seus assessores e seus secretários honrassem as suas palavras e os seus juramentos, eles não contratariam ninguém que não fosse na forma preconizada na Lei Orgânica e na própria Lei de Diretrizes Orçamentárias. O Diário Oficial de ontem trouxe, outra vez, a contratação de enfermeiros e, pasmem, auxiliares de enfermagem, contratados por cento e vinte dias e, publicado ontem de manhã, dava prazo até as 14 horas para uns e até as 15 horas para outros para serem contratados, a mesma Prefeitura que alguns dias atrás publicou no Diário Oficial nada mais, nada menos do que dez mil inscrições de estagiários. Nós estamos em época eleitoral e é providencial que se admitam novos estagiários. Então, para que não haja dúvida, eu já disse que não chamariam os dez mil estagiários, mas mil vão chamar, já dispensaram, nessa segunda quinzena, trezentos e sete estagiários da Administração Centralizada. O DMAE também dispensou onze e chamou outros onze. Então, a coisa funciona conforme diz aqui: na política de pessoal e salarial, eles funcionam no interesse eleitoral. E não me digam que é diferente, porque eu não vou aceitar! Porque não é a primeira vez que eles cometem este crime, crime continuado conforme foi denunciado o Prefeito Raul Pont. Feito um Projeto de Lei, criando cargos na saúde, na Administração Raul Pont, ele continuou contratando servidores, fazendo com que aqueles concursados não assumissem seus cargos e prejudicando o serviço, Ver. Adeli Sell, porque no momento em que adquirissem qualquer experiência, eram dispensados. Verdade que o Prefeito Raul Pont e o próprio Prefeito Tarso Fernando fizeram contratações em seqüência. Eu vi um médico contratado seis vezes, uma atrás da outra, eu vi médico contratado pela segunda vez sem ter terminado o primeiro contrato; terminava no dia 31 de maio e no dia 5 de maio foi renovado o contrato. Essa é a administração do Partido dos Trabalhadores!

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: V. Ex.ª me honra com o aparte que, por certo, vai ilustrar o meu pronunciamento.

 

O Sr. Adeli Sell: Indiscutivelmente V. Ex.ª deve também conhecer que nós temos uma legislação que dá um prazo limitado para o estagiário. Quando termina esse prazo, ele tem de ser necessariamente dispensado. E é profundamente transparente que se faça o levantamento de todos os inscritos e se faça a seleção ou indicação a partir dos critérios para cada Secretaria. Não existe mais a famosa caneta, a indicação política, porque há critérios universais. V. Ex.ª pode percorrer as Secretarias e verificar isso junto aos estagiários. Se, por uma vez ou outra, o Tribunal de Contas nos chamou a atenção sobre as cartas-contrato, nós fomos os primeiros a subir à tribuna e reconhecer o problema. Obrigado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: V. Ex.ª, nobre Ver. Adeli Sell, está quase perdendo a voz. Defender o indefensável é difícil! V. Ex.ª está falando com alguém que já foi Prefeito nesta Cidade e que não tinha oitenta estagiários em toda a Prefeitura; tinha os seus servidores, sim.

A última informação que eu recebi da Prefeitura - e estou pedindo nova - tinha oitocentos e cinqüenta estagiários. Eu não estou dizendo que estagiário possa exceder o prazo de onze meses, apesar de que a Prefeitura conseguiu aprovar neste Plenário para ficar dois anos, em detrimento daqueles que são concursados, e que eles condenam quando se faz no BANRISUL e em outros mais.

De qualquer forma, a Prefeitura, à caneta - e vou aproveitar a caneta do Ver. Adeli Sell, eu sempre disse que ele me ajuda no meu pronunciamento -, no art. 7.º, repete a proposta do Prefeito Tarso Fernando, que deixou a Prefeitura; ela repete a mesma coisa: “Abertura de créditos suplementares, como segue: até o limite de 10% num total...”, aí vai. E aí é que eu quero falar da “caneta” da autoridade, de que eles tanto falam, da Revolução. Nós tínhamos autoridade, sim, porque nós tínhamos responsabilidade. Nós éramos absolutamente sérios. Essa “caneta” de que fala o Ver. Adeli Sell, a Lei Orgânica, sob a égide da qual eu fui Prefeito, os outros que me antecederam também foram, e o Dr. Collares também foi; art. 58: - é a época da “caneta” - “Os créditos suplementares só podem ser abertos no segundo semestre do exercício.” No dia 05 ou 06 de janeiro o Prefeito, que fugiu da Cidade, que abandonou a Cidade, já fazia neste ano crédito suplementar, e todos os dias neste primeiro semestre, é difícil o dia que não tenha um crédito suplementar. No Diário Oficial de ontem tinha um crédito especial, que é diferente. Então, no primeiro semestre não seria possível; e créditos especiais depois do primeiro trimestre. Eles fazem todos os dias; e nós tínhamos a “caneta”, nós tínhamos a autoridade e não o autoritarismo. Nós não construímos a elevada sobre a Mauá porque a Câmara, que tinha de aprovar o contrato, não o aprovou. Nós não cobrimos o Araújo Viana, porque a Câmara, que tinha de aprovar o contrato, não o aprovou. Nós não colocamos um sistema excelente de sinalização, de controle de trânsito com televisão, sem ônus para a Prefeitura, nós receberíamos 100 milhões de cruzeiros, há época, porque a Câmara não aprovou, dizendo que, se nós usássemos aquele sistema, estaríamos espionando o pedestre. Essa era a autoridade, porque respeitava a autoridade do Legislativo e hoje o Legislativo não é respeitado. Mas o Ver. Adeli Sell me ajudou. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, comerciários que acompanham os nossos trabalhos, hoje não é necessário fazer e retomar o debate sobre a arrecadação porque o Ver. João Antonio Dib abandonou esse debate, porque sabe que é o único Vereador com quem se tem debatido essa questão, porque a oposição nesta Casa, a não ser que o Ver. Ervino Besson compre o debate sobre a arrecadação, porque os outros já fugiram do debate.

Vou falar das diretrizes da área econômica, em especial aquelas destinadas ao turismo, que é o setor econômico que mais cresce no mundo. Até para nós fazermos alguns acertos de conta com aquele setor que quer abrir o comércio no final de semana.

Nós estamos propondo criar e qualificar ações de incentivo à produtividade dos serviços turísticos, dando prioridade ao turismo auto-sustentável. É o que estamos fazendo na rota do Belém Velho, uma rota turística para conhecer bem a Zona Sul, conhecer de fato o que temos para apresentar aos nossos visitantes, inclusive com atividades de turismo agrorrural, ecológico e de economia e produção auto-sustentável.

Queria chamar a atenção do povo de Porto Alegre para esses roteiros nos finais de semana, sábados e domingos para o Belém Velho, com guias, com o acompanhamento para conhecer a beleza que é essa parte importante e, muitas vezes, desconhecida da nossa Cidade. Também colocamos que vamos projetar e instalar postos de atendimento turístico nas principais – aqui há um erro, e vou fazer uma Emenda corrigindo: a palavra correta é “entradas” e não “estradas” – entradas da Cidade, como temos hoje um posto de atendimento de primeiro mundo, colocado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, no novo Aeroporto Salgado Filho. É ir lá e conferir, Ver. João Antonio Dib, inclusive com a participação efetiva de pessoas bilíngües e trilíngües para atenderem os turistas.

Estamos, agora, propondo postos na entrada da Cidade, como também propus e venho insistindo que nós qualifiquemos os postos já existentes da Rodoviária, do Mercado Público e do Shopping Rua da Praia, porque Porto Alegre pode ter mais e terá mais.

Também estamos colocando, como diretriz, apoiar a organização e realização de eventos de caráter nacional e internacional e, por isso, nós promovemos uma reunião do trade turístico de Porto Alegre com a Secretaria de Cultura do Estado para incrementar as atividades no Parque Assis Brasil de Esteio, trazendo outros eventos e feiras para a cidade de Porto Alegre.

São, portanto, alguns pontos que nós destacamos, além da questão da sinalização, que já está sendo encaminhada, e por isso não consta da LDO deste ano, mas que não se realizou e é uma dívida que temos com a cidade de Porto Alegre, que nós vamos pagar, porque é extremamente importante.

Deixo, portanto, aqui sinalizadas essas questões. Desculpem, senhoras e senhores, pela voz. Eu retomo o debate segunda-feira, não utilizando todo meu tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, continuamos hoje a discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias. E eu gostaria de tratar do assunto da política tributária do Município, onde, na página 5, a Lei diz: (Lê.) “Na estimativa das receitas serão considerados os efeitos das alterações na legislação tributária e tarifária, especificamente sobre revisão da legislação tributária, de forma a instalar justiça fiscal e permitir o atendimento das demandas da sociedade.”

É muito bom que a sociedade saiba o que isso significa na linguagem do Partido que está no comando do Executivo da Capital. Instalar justiça fiscal significa aumentar impostos. E aqui já se fala novamente que vai retornar para esta Casa o IPTU progressivo. E nós já colocamos, há muito tempo, que o IPTU, em Porto Alegre, já é progressivo. Aquele imóvel de maior valor, pagando a mesma taxa, vai pagar muito mais imposto, porque o seu valor é maior. Aí já há uma progressividade.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Carlos Nedel, eu até não me preocupo com a progressividade, que agora é legal. O que me preocupa é a planta de valores, que eles não sabem explicar até agora e, por isso, não a mandaram até agora. Nós vamos ter que examinar muito bem essa malfadada planta de valores, que já foi fraudada em dezembro de 1991.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Vereador, V. Ex.ª falou uma expressão, dizendo que o IPTU progressivo é legal. Eu me permito discordar dela, porque, em São Paulo, a Administração do PT implantou o IPTU progressivo, aumentou o imposto para todo mundo, e o Tribunal, em São Paulo, já julgou, Ver. João Antonio Dib, que o IPTU progressivo é inconstitucional. Enxurradas de ações lotam o Fórum da Justiça em São Paulo, o Fórum da Câmara Especial em São Paulo, lotam de ações contra o IPTU progressivo, e já houve o julgamento de ações de mérito.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador eu quis dizer que não me assustava, até porque se aplicasse na planta de valores, hoje, nenhum imóvel até 160 mil reais seria onerado, e os outros pagariam a mesma coisa. Foi isso que eu quis dizer. Mas, para haver a contradição, a Bancada do PT, por unanimidade, em Curitiba, votou contrariamente.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exatamente, era isso que eu ia registrar também. Aqui se prega uma coisa, e, em Curitiba, a mesma Bancada prega outra coisa. Lá os Vereadores do PT votaram contrariamente à implantação do IPTU progressivo, e aqui insistem em cobrar mais impostos da população.

É muito bom que as galerias estejam lotadas para que fique muito claro isso: o IPTU progressivo vai aumentar o imposto em Porto Alegre, e ele é em cascata, porque isso gera aumento no aluguel e em outras despesas, é um aumento, sem dúvida, da carga tributária. E aí vem mais: vem mais a taxa da iluminação, nós vamos pagar taxa de iluminação.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, obrigado pelo aparte, mas quero registrar que então é importante salientar que, em Curitiba, governada pelo PFL, se não me engano, o PFL e os seus Partidos de apoio - que certamente são os mesmos: PPB, PMDB, PSDB, e assim por diante - apresentam o IPTU progressivo, e aqui eles são contra. Por que aqui esses Partidos votam contra o IPTU progressivo? Nós apresentamos onde governamos, e lá a Bancada do PT votou contra talvez pelo contexto do Projeto, que nós precisaríamos conhecer. Mas é importante salientar que esses Partidos, então, lá, são a favor do IPTU progressivo e, aqui, são contrários.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu não sei como votou o meu Partido lá em Curitiba, até foi uma boa lembrança, eu vou verificar o que os Vereadores do Partido Progressista Brasileiro votaram lá em Curitiba. Mas é muito importante dizer claro: a Administração do Município quer aumentar os impostos em Porto Alegre, mais ainda, além de já haver aqui o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza mais caro do Brasil, juntamente com outras capitais, mas é o mais elevado do País, o ISSQN, e também o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis é o mais elevado do País.

Quero a atenção do Ver. Pedro Américo Leal. Quando, no Município, se fala na parte de saúde, Ver. Pedro Américo Leal, Porto Alegre foi considerada, recentemente, junto com o Rio de Janeiro, a capital da droga, os locais com maior índice de consumo de droga no Brasil são Porto Alegre e Rio de Janeiro. Verifiquem esses crimes que acontecem no Rio de Janeiro e que, em breve, estarão, tristemente, acontecendo aqui. Não queremos isso, ninguém quer isso, e agora a Prefeitura diz que vai incentivar o convênio com clínicas e comunidades terapêuticas que trabalhem com dependentes químicos. Excelente idéia. Só que, na prática, Ver. Pedro Américo Leal, a AFRUCTO, dirigida pelo ex-Delegado Sérgio Ivan Borges, homem dedicadíssimo à causa do tratamento da dependência química, viu a sua entidade, o seu departamento de tratamento intensivo ser fechado por falta de apoio público! A AFRUCTO fechou a sua unidade de tratamento por falta de apoio público, Ver. Pedro Américo Leal, e, depois, ainda querem combater a insegurança. Não dá para entender. E sabemos que a droga é um dos fatores geradores do crime, da insegurança, da bagunça, e vemos esses exemplos típicos em Porto Alegre. É uma tristeza.

Mas quero ao menos iniciar a falar sobre educação. Educação num Município em que, tristemente, o Prefeito, há seis anos, não cumpre a lei que obriga aplicar 30% na educação. Não cumpre a lei. Temos aqui todas as certidões do Tribunal de Contas do Estado dizendo que, em vários anos, em vez de aplicar 30%, aplicou 25,07%, aplicou 25,03%, 25,42%, e, agora, no último ano, 25,01%. O ex-Prefeito Tarso Genro não cumpriu a Lei da Educação. O Prefeito Raul Pont também não cumpriu, nos quatro anos, a Lei da Educação.

Nós sabemos a importância dos investimentos na educação, que é geradora de toda uma cultura, um desenvolvimento, uma qualificação. E isso, tristemente, não vem sendo cumprido em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, de imediato vou iniciar na análise do Ver. João Carlos Nedel, quando ele fala, novamente, sobre a questão da educação, no sentido de que não é realizado, em Porto Alegre, o gasto dito que deveria ser de 30%, e que em Porto Alegre se gasta apenas 25%. Novamente nós vamos discutir essa questão, Ver. João Carlos Nedel, e, no ano passado, quando V. Ex.ª era membro da Comissão de Educação e Cultura trazia essa questão, quotidianamente, e nós, do Governo, e o Governo apresentávamos as explicações necessárias, com muita propriedade, dizendo que se gasta, sim, muito mais do que 30%, porque se inclui a questão dos aposentados no orçamento da SMED.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ilustre Ver.ª Maria Celeste, as explicações não convencem, têm de convencer o Tribunal de Contas, não adiantam as explicações do seu Partido, têm de explicar ao Tribunal de Contas: “Isso é legal.” Há que cumprir a lei, não adianta dar explicações. De explicações estamos cheios, somente há que cumprir a lei.

 

A Sra. Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maria Celeste. Muito obrigada pelo aparte. Não é possível permitirmos a distorção de alguns dados. Quando o Tribunal de Contas nos dá uma certidão, e é isso que ele está fazendo, ele não está recriminando ou encaminhando o Governo Municipal ou o Prefeito para responder ação, mas está dando uma certidão de que o Município cumpriu a lei. Isso, inclusive, é um atestado de idoneidade que é dado para Prefeitura Municipal. Isso é óbvio, nós já discutimos isso. O Tribunal de Contas trabalha com critérios da Constituição Federal. Por que isso? Porque ele não tem como fazer uma análise, ou seja, ele fez uma opção por não fazer uma análise a partir da Lei Orgânica de cada um dos Municípios, que, cada um com a sua Lei Orgânica, possui percentuais diferentes para aplicar em educação. A Constituição prevê 25%, a nossa Lei Orgânica prevê 30%. O Tribunal de Contas avalia a partir da Constituição e nos deu a certidão. Portanto, aqui nessa certidão constam alguns gastos com educação que chegam a 25%, outros gastos em educação já muito bem comprovados, já trabalhados... E aí eu quero lembrar ao Ver. João Carlos Nedel que temos um Conselho Coordenador do FUNDEF, todas as cidades têm de tê-lo, e Porto Alegre tem o Conselho do FUNDEF, que faz vistoria nas contas da educação, nos gastos com educação. Temos o Conselho Municipal de Educação, que também faz isso, o Tribunal de Contas, e há uma série de gastos, inclusive com os aposentados, que levam o Município sempre a aplicar 30% - e sempre aplicou -, no mínimo, em educação.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Muito obrigada, Ver.ª Sofia Cavedon, pelos esclarecimentos. Desde o ano passado estamos dando as explicações ao Ver. João Carlos Nedel, e parece que ele sempre bate na mesma tecla.

Só para continuar a questão da educação, gostaria de salientar duas metas: uma delas é ampliar e qualificar o atendimento do educador e da educação infantil, inclusive o das creches comunitárias. Essa meta é uma prioridade para discutirmos aqui na Câmara e devemos levar essa matéria com afinco na LDO, porque temos um prazo; pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, temos até 2006 para adequarmos, em Porto Alegre, a questão do educador da educação infantil e das creches comunitárias. Temos, em Porto Alegre, cento e vinte creches comunitárias e precisamos subsidiar a formação desses educadores, porque a nova lei refere-se à necessidade de um profissional qualificado na educação infantil.

O que estamos pensando em nível de Município? Nós já temos um curso de formação de educadores populares funcionando na Escola Emílio Meyer, com quatro turmas. Este ano, já vai sair a primeira formatura. Esta semana, tivemos um seminário na Comissão de Educação debatendo essa questão sobre a formação do educador popular no Município de Porto Alegre.

Estaremos, em seguida, fazendo a abertura de novas turmas no outro ponto da Cidade, na Zona Norte, na Escola Municipal Liberato, trabalhando essa questão. É uma preocupação que temos de ver com muito cuidado, na LDO, por ser uma questão da legislação nacional. Nós precisamos priorizar essa demanda e olhar, potencializar, nessa lei, para uma adequação em nível federal.

A outra meta é, com relação ao curso de formação, qualificar o curso de formação para os educadores em nível médio na Escola Emílio Meyer. As educadoras da Escola Emílio Meyer estão fazendo o curso. Já vai haver a formatura de uma turma, mas há necessidade da qualificação desse trabalho nessa escola. Por que eu digo isso? Porque, prioritariamente - as alunas colocaram isso para nós, no seminário - há a necessidade de um centro de pesquisa para que se possa trabalhar a história, para que se conheça quem é o educador popular da cidade de Porto Alegre, quem são as mulheres e homens que trabalham na educação infantil, de uma forma informal, eu diria, porque são considerados monitores, mas que tem uma história de vida, que tem uma qualidade com a educação infantil a partir da sua própria experiência. Paulo Freire lembra muito bem: a gente trabalha a educação através da realidade do cotidiano do aluno. Nós precisamos desse centro de pesquisa na Escola Emílio Meyer, porque nós precisamos trabalhar o cotidiano, a realidade das educadoras, e, a partir de então, ter esse material qualificado, quantificado para posterior análise.

A outra meta é a realização de convênios com as entidades cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no Conselho Municipal de Assistência Social, no Conselho Municipal de Educação, conselhos aos quais a Ver.ª Sofia Cavedon havia-se referido frente àquela questão abordada pelo Ver. João Carlos Nedel, viabilizando oficinas de trabalho educativo e oficinas pelo trabalho de geração de renda, com adolescentes, utilizando-se os espaços da escola.

Uma meta importante também - o Ver. João Carlos Nedel falava na questão da drogadição - é a importância do trabalho e das ações que temos que ter com os adolescentes. Essa questão do trabalho educativo vem contrapor uma outra lógica inversa que nós já discutimos na semana passada, que é a questão do trabalho infantil. Quero abordar rapidamente esse tema - já estamos no final do tempo - porque essa meta é uma questão prioritária. Quando se faz uma referência ao trabalho educativo dos adolescentes está-se potencializando que esses adolescentes estejam num espaço educativo, aprendendo através de oficinas, de trabalhos diferenciados, ou trabalho para a sua subsistência, a partir de então formando geração de renda, formando cooperativas, enfim, uma série de subsistência para o próprio aluno.

Eu queria só fazer uma referência: na quarta-feira, dia 12, foi celebrado o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil, nem sempre lembrado, foi o Dia dos Namorados, uma data do consumo, e acaba-se esquecendo essas nossas lutas prioritárias.

Quero levantar um dado preocupante: o setor agrícola do Brasil usa até 30% da mão-de-obra infantil. Essa é uma preocupação que temos, uma das ações da Assistência Social fazia referência a isso, ao combate ao trabalho infantil, das nossas crianças. Quando eu falo em crianças - quero referir como é na nomenclatura do Estatuto da Criança e do Adolescente - é até doze anos, e adolescentes a partir dos doze anos aos dezoito anos.

O que acontece, na Cidade, lamentavelmente, e no País, é que as crianças de quatro, cinco, sete anos estão sendo usadas como mão-de-obra barata. É uma questão que nós já abordamos na outra tribuna, mas eu quero fazer essa referência, porque na quarta-feira foi o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil, e nós temos ações na área da assistência social, na área da educação, na área da saúde, para que realmente se potencialize, em Porto Alegre, o combate ao trabalho infantil. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar que o Ver. Cassiá Carpes está completando mais um ano de existência hoje. Receba as felicitações da Mesa Diretora, dos Vereadores e da platéia aqui presente. Caro Vereador, que Deus lhe dê vida longa e feliz junto aos seus amigos.

 

(Todos cantam “Parabéns a Você”.)

 

O Ver. Cassiá Carpes convida a todos para um churrasco, depois, ao meio-dia. Depois ele vai dizer qual será o local da festa.

Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Paulo Brum, Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores e comerciários que acompanham esta Sessão num dia tão importante para eles e para a Cidade.

Eu começo falando a respeito da questão dos estágios. O Ver. João Antonio Dib tenta dizer que estaríamos usando eleitoralmente os estágios, e penso que temos de fazer uma contraposição fundamental.

A Prefeitura de Porto Alegre tem uma política, sim, de abrir espaço para estágio, numa concepção muito clara de que estágio é um espaço importante de aprendizagem fundamental para os nossos jovens que estão estudando. Nós constituímos, na Prefeitura, um procedimento que procura ter uma justiça na absorção dos jovens para o estágio. Nós temos uma lista única na Secretaria de Administração, a qual é acessada pelas Secretarias. Então, a saúde precisa, com alguma formação na área da saúde, solicita, e é pela ordem de inscrição que os estagiários são encaminhados. Muito dificilmente, Ver. João Antonio Dib, os estagiários não são aproveitados, eles fazem uma entrevista; só se é um caso de não ter não nenhuma proximidade na área, ou, no caso da educação infantil, às vezes, nós temos estagiários muito novinhos, meninas de quatorze anos, e para coordenar, trabalhar com as crianças, às vezes, não é adequado, nós preferimos com um pouco mais de idade, com um pouquinho mais de maturidade. Então, esse é um critério universal, não existe indicação de “a” ou de “b”, e isso eu afirmo aqui, e quero que comprovem e deixem de fazer aqui denúncias levianas, se não têm como provar que os estágios são usados eleitoralmente, porque isso não é verdade, não é assim que funciona na Prefeitura.

Hoje, o estágio é a única chance de muitos dos nossos jovens pobres se manterem estudantes, porque é muito difícil um emprego com menos de oito horas, e os nossos jovens pobres trabalham seis horas, quatro horas nos estágios, se mantêm na escola de ensino médio, ou se mantêm numa faculdade em função do estágio, e com certeza aproveitam muito mais a faculdade, o seu estudo, porque o estão exercendo na prática.

Se o Ver. João Antonio Dib viesse aqui e dissesse que nós não observamos que o estágio é um momento de aprendizagem, eu ainda concordaria com o Ver. João Antonio Dib, porque eu acho que falta muito, acho que temos que receber melhor os nossos estagiários, tinha-se que fazer em todos os lugares, nas Secretarias, com todo um cuidado para que realmente fizessem uma aprendizagem. Acho que eles entram no roldão do trabalho. Tem um cuidado das chefias, mas poderia ser muito melhor. Aí, eu posso concordar. Agora, concordar com que há uso eleitoreiro de estágio, jamais, Ver. João Antonio Dib, porque o critério de entrada é esse, a saída é aos dois anos, ou se o estagiário quiser. Muitos deixam, porque conseguem um estágio melhor, por mudanças na sua vida, agora, fora isso, a não ser que ocorra algo muito grave, os estagiários completam dois anos. E V. Ex.ª sabe, Ver. João Antonio Dib, nós mandamos para esta Casa uma complementação: antes era um ano de estágio, agora são dois, porque a gente percebia que em um ano eles estavam recém aprendendo, e aí a gente perdia o acumulado, era importante estender por dois anos. Inclusive com isso nós nos preocupamos. Então, o estágio, hoje, é uma forma muito importante de os nossos jovens se desenvolverem e se manterem estudantes, porque não temos universidade pública, aliás, temos muito poucas vagas para a demanda da sociedade, quer dizer, a União se retira, os jovens têm que sobreviver para estudar e pagar. A maioria dos jovens pobres pagam faculdade privada, porque nem têm condições de chegar na pública. Então, o estágio é fundamental, e, se os órgãos públicos não oferecerem, que oportunidade, o que nós vamos oferecer para os nossos jovens?

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Ver.ª Sofia Cavedon, nos últimos vinte anos a população porto-alegrense não aumentou em 10%. Quando deixei a Prefeitura, nós tínhamos, entre ativos e inativos, dezessete mil e quinhentos servidores e não havia cem estagiários. Hoje há quase vinte e sete mil servidores e quase mil estagiários. O que foi que cresceu? Fora o serviço terceirizado, que já foi feito ilegalmente.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Já vou dar os motivos do crescimento e mostro onde cresceu. Nós estendemos, da sua época, com certeza, o trabalho da Prefeitura; o número de postos de saúde é muito maior, nós municipalizamos a saúde, nós trabalhamos com estágios que não existiam; na educação infantil, acredito que não existisse uma escola infantil na sua época, talvez houvesse sete creches da SMISS. Hoje nós temos trinta e três escolas infantis, Ver. João Antonio Dib. Nós, na SMED, abrimos estágios nos espaços informatizados na escola. O que é isso? Todas as escolas de ensino fundamental têm informática, têm computadores, as crianças participam. E o que nós criamos para facilitar para o professor e para os alunos? Um estágio em cada sala informatizada da nossa escola de ensino fundamental, que são quarenta e seis ou cinqüenta escolas de ensino fundamental. Ou seja, está lá o jovem, o menino que faz informática, ou no ensino médio, ou no nível superior, apóia o professor no trabalho com os alunos, porque, se há trinta alunos na frente de um computador, é necessário um apoio, pois o aluno está aprendendo, está exercitando os seus conhecimentos. Só ali nós temos mais uns cinqüenta estagiários; entre manhã e tarde são quase cem estagiários. Posso mostrar a V. Ex.ª vários programas de estágio que favorecem os alunos e favorecem o nosso estudante.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Tenho muito respeito por V. Ex.ª, porque V. Ex.ª é especialista em educação, que é fundamental para o desenvolvimento da nossa sociedade. E V. Ex.ª colocava, há pouco, a dificuldade que os universitários têm de estudar em universidade particular, paga. Eu gostaria de dar uma sugestão para que V. Ex.ª entre em contato com o Executivo, já que faltam 5% para aplicar em educação: por que não atribuir esses recursos para implantar a Lei do Crédito Educativo, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que já foi aprovada por esta Casa? Não precisa nem os 5%; 2% já são suficientes. Fica a sugestão para V. Ex.ª. Obrigado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª sabe muito bem que nós, como Município, seríamos irresponsáveis se assumíssemos responsabilidades da União, que fica com 53% de todos os tributos arrecadados; e o Município, com 14%. Nós temos de dar conta do ensino fundamental e da educação infantil, Vereador. V. Ex.ª quer que peguemos os nossos parcos recursos e os coloquemos no nível superior, que a União irresponsavelmente não quer financiar com 53% da arrecadação? Seria suicídio e irresponsabilidade do Município. Eu aproveito este gancho para dizer que nós não temos como abrir mão de receita no Município. Se não fossem - é importante a população saber - os recursos próprios que a Cidade constituiu com o IPTU, o ISSQN, o Município de Porto Alegre estaria na situação de milhares de Municípios deste País: em falência declarada, sem possibilidade de investir na Cidade. Numa Cidade como a nossa, aqui os Vereadores vêm para tribuna e dizem: “Olhem lá a população que está na beira do rio!” “Olhem lá o saneamento básico que falta!” “Olhem lá os postos de saúde que não têm consultas suficientes!” Com o tamanho da demanda que tem esta Cidade, se tivéssemos nós a irresponsabilidade de não arrecadar bem, de não pensar como arrecadar, seríamos uma cidade quebrada. Nós temos de ter muita clareza de que trabalhamos com responsabilidade, não abrimos mão de receita, não. Por isso queremos discutir nesta Casa o IPTU progressivo, por isso e porque acreditamos que quem tem mais deve pagar mais. Com o IPTU progressivo nós vamos poder isentar uma faixa muito grande das pessoas que hoje injustamente pagam IPTU. Se não fizermos uma reforma tributária, nunca vamos corrigir a desigualdade social. É preciso reforma tributária no País, porque, enquanto a União ficar com a maior parte do bolo, e o Município, onde está municipalizada a saúde, municipalizada a assistência, quase municipalizada a educação, ficar com as migalhas da receita deste País, que é sobretaxada, vamos simplesmente sucumbir, não há como dar qualidade de vida ao seu povo. Não há como abrir mão de receita. É incongruente quem vem aqui e diz que falta isso, aquilo e aquele outro e acha que o Município tem de diminuir taxa, acha que o Município tem de receber menos. Recolhemos impostos para a Cidade e não para o bolso do Prefeito. É com responsabilidade que se garante qualidade de vida. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta Especial. Ausente. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial. Ausente. O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, distinto público presente nesta Sessão para acompanhar a renovação de votação do Projeto do comércio, esta parte da nossa Sessão é dirigida aos debates da Lei de Diretrizes Orçamentárias. A Lei de Diretrizes Orçamentárias é a que conduz, como diz o seu próprio nome, o Orçamento, e o que está em discussão é o Orçamento de 2003. Nós temos aqui as metas e prioridades do exercício, a orientação que vai elaborar o orçamento do programa, as propostas de alteração tributária e a mudança na política da administração.

Ouvi os pronunciamentos dos Vereadores que me antecederam. Acompanhei, Ver. Pedro Américo Leal, a reunião do Conselho Local de Saúde, no Sanatório Partenon, e lá verifiquei que, em saúde, faltam recursos. A CPMF, que envolve em torno de 20 bilhões de reais que deveriam ser colocados na saúde, que já tinha uma dotação orçamentária de 20 bilhões de reais, e que deveria ter sido acrescida para 40 bilhões de reais, dobrando, pelas questões urgentes de saúde, ao contrário, nem todo o recurso da CPMF, segundo se denuncia, vai para a saúde. Além disso, foi suprimida do orçamento a dotação ordinária. E aí nós temos os problemas de saúde. A saúde no Brasil é responsabilidade da União, do Estado e dos Municípios. E para Municípios que receberam os encargos pela municipalização têm de vir os recursos. Porque se são repassados os encargos para os Municípios... E aí a perversidade do processo, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª que acompanha de forma tão candente a evolução do Orçamento da Cidade, que faz manifestações, permanentemente, a respeito de os recursos do Município estarem aplicados nos bancos - Onde estariam se não fosse nos bancos? -, pois de cada 100 reais que os contribuintes pagam em impostos, 64 vão para a União, de 13 a 14 reais voltam para o Município. Repito: de cada 100 reais, que cada um de nós paga em impostos, 64 vão para a União, e voltam para o Município 14 reais. O Ver. João Bosco Vaz ainda me alerta que são 62 reais, e eu falei em 64, mas é um montante razoável. Significa que onde estão os problemas, onde se vive, onde está a questão de saneamento, onde está o problema da saúde não há recursos.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Estilac Xavier, apenas vou responder a V. Ex.ª pela pergunta feita: quando eu era Prefeito eu aplicava os recursos da Prefeitura em obras e serviços, nunca no banco.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª foi um Prefeito magnífico. V. Ex.ª tem, e sempre teve, o respeito da nossa parte e consideração especial, e, além disso, estima. Mas, V. Ex.ª não nos pode fazer crer que no tempo do seu governo nós vivíamos num paraíso: não tinha imposto, não tinha alagamento, todo recurso ia direto para obras e serviços. E para onde vão os recursos da Prefeitura, senão para obras e serviços? Aqui em Porto Alegre se investe na ordem de 100 milhões de reais. Estão nos bancos para serem lá capitalizados para pagar os empenhos das obras que têm comprometimento. Ou V. Ex.ª não sabe que se empenha uma obra e ao longo das medições e das faturas é que se vai pagando? O Ver. João Antonio Dib sabe disso. Até reconheço que ele faz isso pelo seu ímpeto oposicionista. Ele não pode reconhecer o mérito de uma política que saneou a Prefeitura. Não existe, Ver. João Bosco Vaz, Prefeitura, neste País, que se iguale à de Porto Alegre em sanidade financeira, porque há responsabilidade fiscal, não existem entregas de recursos, não existe anistia. E quando falamos do IPTU, esse é um capítulo especial, que é o que trata das alterações da legislação tributária.

No ano passado esta Casa recebeu, encaminhada pelo Prefeito Tarso Genro, uma proposta de alteração de IPTU. O que é que propunha aquele Projeto, Ver. Pedro Américo Leal, que me honra com sua atenção? Que nós fizéssemos justiça fiscal, em dois termos: o primeiro, que imóveis iguais pagassem imposto igual, o que é evidente. Por que um cidadão que mora na mesma rua e tem um imóvel igual ao do outro cidadão do outro lado da rua paga imposto diferente? Em Porto Alegre, isto é uma realidade: imóveis iguais pagam impostos diferentes. Isso não é isonomia, não é justiça! Mas o que é mais grave ainda: em Porto Alegre há imóveis que, sendo mais caros, no seu valor, do que outros, pagam imposto menor. Isso é regressão tributária. Como pode alguém que, tendo imóvel de maior área, maior qualidade, localizado em região de infra–estrutura urbana que todos pagam... Não vamos esquecer que, quando temos uma casa, um apartamento, e por ali passa ônibus, telefonia, eletricidade, futuramente o gás, a pavimentação, o esgoto, a água, todos os serviços, de onde é que sai esse recurso, quando ainda há vários pontos da Cidade que não têm esse recurso aplicado? Sai dos impostos de todos. Portanto, a valorização desse imóvel deveria ser retribuída pelo valor de mercado que ele tem pagando imposto, o que é absolutamente injusto. Então nós encontramos essas duas grandes diferenças, e sobre isso nós vamos discutir.

A posição da Câmara, da sua maioria naquela época, era pela rejeição do Projeto. O Prefeito não deixou que rejeitasse, e a discussão foi boa. Já ganhamos a discussão. E houve vários Vereadores aqui que se pronunciaram dizendo que teríamos que ter uma forma de resolver isso. Não se apresentou a fórmula. O Prefeito não pode ter a discricionaridade, a arbitrariedade de, por ato administrativo, alterar o valor de imposto, porque isso depende de lei da Câmara. Houve um Vereador, inclusive, que queria a lista de todos os imóveis da Cidade para saber quanto é que cada um pagava de imposto - até isso aconteceu aqui. Mas a discussão foi colocada. Repito, são dois os problemas da justiça fiscal na nossa Cidade, no IPTU. O primeiro deles é de que imóveis iguais pagam imposto diferente; o segundo deles, e mais grave, é de que imóveis de maior valor pagam imposto menor do que um imóvel de menor valor.

O debate sobre o IPTU é um debate que será feito de novo, pois está na linha da alteração da legislação. Mas há uma discussão que é mais importante, levantada aqui pelo Ver. João Carlos Nedel, que disse o seguinte: que esta é a Cidade de maior cobrança de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Não é verdade! Aqui há uma escala de imposto. O que nós usamos nos casos que importam é a escala máxima de 5%. Agora, nós não estimulamos a guerra fiscal, em que quem dá mais incentivos, de um lado ou de outro, para que vá determinada indústria, leva-a, como alguns queriam, por exemplo, com a Ford. Ela não ficou no Rio Grande do Sul não porque o Governador Olívio Dutra não a quisesse ou coisa que o valha; não foi isso. Havia uma discussão, sim, sobre aqueles 400 milhões de reais que iam ser dados para a Ford, que são exatamente os 400 milhões de reais que recebe a Saúde no Estado. E aí, Ver. Zé Valdir, a Ford foi embora, porque o Governo baiano deu muito mais dinheiro, auxiliado pelo Governo Federal. Essa é a guerra fiscal, que propõe, talvez, a política do Ver. João Carlos Nedel, porque quando há guerra fiscal faltam recursos nos cofres públicos, e quando faltam recursos nos cofres públicos quem paga é a população, porque não tem serviço de água e esgoto, não tem habitação, não tem saúde nem educação. Essa política nós não fazemos, porque nós temos uma política responsável com o dinheiro público, não para terminar numa eleição ou num governo, mas para ter prioridade em vários governos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrado o período de Pauta Especial. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1856/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que denomina Rua Gabriel Ramos Porto um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Partenon.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 4240/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 285/01, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que autoriza o Poder Executivo a implantar quatro Postos de Atendimento à Saúde 24 horas, distribuídos nos pontos de maior densidade populacional nas áreas norte, sul, leste e oeste do Município.

 

PROC. 1743/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 072/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao militante social João Gomes Branquinho.

 

PROC. 1937/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que acrescenta os incisos IV e V ao parágrafo único do art. 1º da Lei nº 7.109, de 3 de julho de 1992 - (abertura do comércio aos domingos).

 

PROC. 1954/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 119/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Adriano Bonaspetti.

 

PROC. 1990/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/02, de autoria do Ver. Beto Moesch, que denomina Rua Joel Tabajara um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, seis projetos na Pauta, mas na Ordem do Dia tem cem - não é com “s”; é com “c” - projetos a serem examinados, sendo que na página 92 está a renovação de votação do processo que propõe a abertura do comércio aos domingos, e, na página 93, está o Projeto de Resolução deste Vereador e de mais quase duas dezenas de Vereadores, que querem sustar o Decreto do Prefeito que abandonou a Cidade e que aumentou os serviços do DMAE em até 1.096%, claro que considerando mais 10% do IGPM do ano passado. Em cima daqueles 10%, mais 1.096%.

O Ver. Dr. Goulart quer postos de saúde trabalhando vinte e quatro horas por dia nas quatro regiões da Cidade - Leste, Oeste, Norte e Sul -, para que se possa especialmente atender casos mais graves e crianças, por exemplo. Mas, o Secretário da Saúde, que viu o esforço do Ver. Dr. Goulart, que deu o parecer conjunto e que foi aprovado por unanimidade, atendendo a um pedido de urgência da Bancada do PT, continua fazendo carta-contrato, para gáudio do Ver. João Bosco Vaz, que gosta muito de carta-contrato. Se não eu falo em carta-contrato, o Ver. João Bosco Vaz fica triste; então estou repetindo. De uma forma não muito correta, continuam fazendo carta-contrato para atender à saúde. Não sei se é verdade, mas, em todo caso, essa é a alegação.

Ao Ver. Paulo Brum, eu vou repetir o apelo que fiz de que o seu Projeto de Lei, que trata da abertura do comércio aos domingos, seja retirado, Ver. Paulo Brum. Vou dizer por quê. Nós não vivemos um momento capaz de debater esse assunto com a seriedade, com a isenção com que ele tem de ser debatido. Naquele dia 29, nós poderíamos ter votado o Projeto sem nenhuma dúvida, com o resultado definitivo e sem nenhum problema. Não precisaríamos, quase um mês depois, ainda estarmos discutindo o Projeto. Mas eu ouvi aqui repetidos oradores dizendo sempre a mesma coisa, usando sempre os mesmos argumentos: comércio pode abrir aos domingos desde que haja acerto entre as partes. É correto, não tenho nenhuma dúvida, mas uma das argumentações é de que, abrindo-se o comércio aos domingos, o pequeno comércio seria prejudicado. Então, eu fico pensando se eles são sérios e responsáveis nos argumentos que usam: se abrir com acerto, não prejudica; se abrir na forma da lei, prejudica. Eu tenho dificuldade para entender isso, Ver. Paulo Brum. Por tudo isso, eu peço a V. Ex.ª que não promova novamente o desgaste da Casa do Povo de Porto Alegre num assunto que tem de ser, um dia, resolvido, mas com a tranqüilidade, com a seriedade, com a responsabilidade com que ele deve ser tratado. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste.

Está encerrada a discussão preliminar de Pauta.

A Mesa informa que o Ver. Isaac Ainhorn está completando, amanhã, mais um ano de existência. Que Deus lhe dê vida longa e feliz junto de seus amigos. Receba o abraço da Mesa Diretora e da Câmara Municipal de Porto Alegre.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, honra-me muito, neste momento, intervir no tempo de Líder do meu Partido, até porque o nosso Partido, o PDT, partido que eu, modestamente, nos idos, no final dos anos de 1970, por volta de 1978, ajudei a fundar e tenho muito presente. A minha história política remonta ao movimento estudantil da década de 60. E tenho muito orgulho de ter essas raízes e pertencer a um Partido que coloca de forma muito clara a proeminência do trabalho sobre o capital.

Essa posição do PDT, da história do trabalhismo, de um trabalhismo que remonta a uma das mais caras histórias em defesa dos trabalhadores brasileiros, que é a história do trabalhismo, remonta a figuras extraordinárias da vida nacional, remonta à época de Getúlio, remonta à época de Alberto Pasquallini, remonta à época de João Goulart.

Ninguém, neste País, até hoje, fez mais em defesa dos trabalhadores do que os governos trabalhistas de Getúlio Vargas e de João Goulart, ninguém, não há governo. E, no Estado do Rio Grande do Sul, não houve governo que tenha feito mais em defesa dos humildes, dos trabalhadores rurais, dos trabalhadores urbanos, do que o Governo de Leonel Brizola. Esse é um dado que é fundamental para a compreensão.

Surgiu-nos essa questão, que é altamente polêmica, que envolve a abertura do comércio aos domingos. Essa é uma questão polêmica, divergente.

Eu aqui estou, desde 1986, como Vereador e mercê, certamente, de um trabalho sério, responsável. A cada eleição, aumenta o número dos meus votos. Nunca caí, do ponto de vista de votos, certamente pela coerência que trago. E mesmo aqueles que não concordam com as minhas idéias, tenho certeza, e que me conhecem pela luta do meu mandato, hão de respeitar a minha coerência, em termos dos temas tratados aqui.

Não participo muito dessa tese de que só não muda de idéia quem não as têm. Eu penso que o que caracteriza o homem público é a sua luta, a sua coerência com princípios com os quais joga a sua vida inteira. Essa é a característica que marcou a existência de um homem público como Leonel Brizola, e que merece o respeito de todos exatamente por sua coerência.

Então, eu, desde o primeiro dia do meu mandato, lutei pela manutenção da abertura do comércio aos sábados à tarde, e tenho lutado pela abertura do comércio aos domingos, com respeito aos direitos sociais e trabalhistas. Porque acredito, sinceramente, que é necessário – sobretudo em uma época difícil de emprego, de dificuldades de trabalho - viabilizar a possibilidade de mais empregos. Penso que essa fórmula aumentaria a possibilidade de empregos. Não é um pensamento de muitos companheiros da minha Bancada, e é o pensamento de outros companheiros que comungam da minha idéia. O meu Partido não fechou questão sobre a matéria. O meu Partido recomendou aos companheiros de Bancada - aos que votaram pela abertura do comércio aos domingos, e àqueles que não votaram - que votassem na linha da manutenção da proposta existente hoje na Lei, da possibilidade da abertura do comércio mediante convenção coletiva de trabalho. Eu, particularmente, divirjo, mas continuarei lutando, porque eu acredito em um mundo novo, a exemplo de Alberto Pasqualini.

Encerro, Sr. Presidente, citando Alberto Pasqualini, na sua obra Bases e Sugestões para uma Política Social, quando afirma, no final de um ensaio seu:

“Que há de surpreendente, escreve Sêneca, que não possam atingir a crista da montanha os que a tentam escalar?

Deveremos admirar os homens, que, embora caindo, se abraçam a coisas extraordinárias. A tarefa dos filósofos e dos idealistas é precisamente acender os fachos que hão de iluminar o longo e áspero caminho da humanidade. Eles não encaram a vida, como nós, através dos casos, interesses, preconceitos e mesquinhezas cotidianas, porque os filósofos têm nos olhos as lentes do infinito e o apreciam e contemplam. Os seus sonhos são ainda os melhores suportes de nossas esperanças, o contrapeso de nossas imperfeições e o consolo de nossas misérias. E ainda que suas concepções jamais venham a realizar-se, restar-nos-á a emoção estética de imaginar como seria belo o mundo e mais digna a existência se fossem assim como eles os sonharam.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, para apreciarmos a Ordem do Dia, solicitamos que observemos a seguinte ordem de votação: o PLL n.° 089/02; os Requerimentos 05, 07, 11, 12, 17, 20, 21 e 23; o PDL n.º 001/02 e o PR n.º 042/01. Sendo que os Requerimentos sejam votados em bloco, sem encaminhamentos, para agilizar a votação.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, para contrapor, existe o Requerimento do Líder do Governo, que diz respeito à autorização de contratação, para Comissões conjuntas, do BNDES, e eu pedi diligência dessa matéria à Diretoria Legislativa. Portanto, se há diligência, não há como votar essa matéria. Eu havia pedido diligência, não fui atendido; pedi para baixar em diligência de novo, e, portanto, a Casa tem de informar.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, só para explicar ao Ver. Sebastião Melo e ao restante da Casa que esse Requerimento é só um Requerimento de urgência de Comissões conjuntas; não é autorização; não é o Projeto; não é o Parecer. E nós estamos colocando à disposição do Ver. Sebastião Melo o comparecimento da Diretora da Carris, na segunda-feira, na Casa, e também uma resposta o mais imediata possível. Estamos tentando contato com a Diretora para falar com o Ver. Sebastião Melo sobre as diligências que ele propôs - para nós, não há problemas -, até para facilitar a votação.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, o Regimento da Casa é claro: a diligência suspende; ela é imperativa; é só ler o Regimento. Quando se pede diligência, a diligência suspende os prazos da Casa e, portanto, o projeto não pode ser votado. A não ser que o Vereador retire as diligências; se ele não retirar, não se pode votar o projeto, porque está em diligência, e a diligência suspende os prazos da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, que sugere a seguinte ordem para a apreciação dos trabalhos da Ordem do Dia, e para que sejam apreciados esses Requerimentos em bloco e depois os projetos: o PLL n.º 089/02, os Requerimentos 05, 07, 11, 12, 17, 20, 21 e 23, o PDL n.º 001/02 e o PR n.º 042/01.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadoras e colegas Vereadores, dos tantos projetos que o Executivo, especialmente o Prefeito Tarso Genro, no final da sua gestão, mandou para esta Casa, um projeto pede autorização a esta Casa para a Prefeitura contratar um empréstimo na ordem de 13 milhões de reais para a empresa Carris para encaminhar a questão da circulação do trânsito em Porto Alegre. Ora, penso eu, Sr. Presidente, que um projeto que quer autorização desta Casa para 13 milhões de reais, no mínimo, teria que vir com um esboço do projeto, o que não veio. Este Vereador pediu diligência da matéria, e sabem o que disse a Presidenta? Disse que era um projeto para melhorar o sistema viário do Centro de Porto Alegre. Acho que, lamentavelmente, tem sido essa a lógica do Executivo em relacionar-se com o Legislativo Municipal.

Ontem tivemos nesta Casa mais de trezentos vendedores ambulantes, com depoimentos dramáticos, ao ponto de uma senhora grávida chorar neste microfone de apartes dizendo que apanhou dos fiscais da SMIC e da Brigada Militar. Ora, quando se colocam 13 milhões de reais para encaminhar a questão da circulação do transporte de Porto Alegre, será que não podiam pensar em 01 milhão de reais para encaminhar a questão dos camelôs? Não. O Governo silencia sobre isso, nada fala sobre isso.

Não dá para votar isso, Ver. Marcelo Danéris, e disse a V. Ex.ª que pedi diligência. A nossa Presidenta da Carris, que tem interesse, que atenda às diligências hoje e V. Ex.ª bote na segunda-feira para votarmos. Agora, não posso pedir a diligência - que é uma faculdade do Vereador - e a diligência não ser atendida, e a Liderança do Governo pedir para votar o Projeto. Eu tenho cedido muitas vezes, mas não posso ceder nesta questão, porque se trata de uma questão que envolve o Centro de Porto Alegre e não dá para discutir o Centro de Porto Alegre, sem discutir o comércio informal. São mais de mil pessoas: mulheres, homens, jovens, velhos que estão ali na luta, foram jogados para essa condição por uma absoluta exclusão social neste País; não estão naquela situação porque querem. A Prefeitura nunca quis encaminhar politicamente essa questão do comércio informal. O vendedor ambulante não pode ser tratado como caso de polícia, são seres humanos, dignos, trabalhadores que precisam ter o respeito, em primeiro lugar, do Poder Público local, que é o Executivo Municipal. Não há como votar esta matéria e fazer Comissão conjunta, como outras que foram feitas aqui e foram votadas no afogadilho, como a questão do Hospital Presidente Vargas, e outras sem discussão. A diligência precisa ser atendida e, mais do que isso, é preciso fazer um debate com a EPTC e com a Carris. Esta matéria não pode ser votada dessa forma. Como vão pedir para contratar 13 milhões de reais e não mandam o projeto junto, não discutem com a Casa qual o projeto? Nenhuma Comissão debateu esta matéria.

Nós temos uma posição contrária, respeitamos a posição legítima do Líder do Governo, que está no seu papel. Ele cumpre o seu papel, e eu cumpro o meu papel. Sou Vereador da oposição para fiscalizar a Cidade, e ele cumpre o papel dele de querer passar as questões sem discussão na Casa. Respeitamos a posição dele e temos a nossa posição. Encaminhamos contrariamente a esse pedido de Comissões conjuntas, pontualmente, sobre a questão; não temos absolutamente nada contra os outros pedidos; mas, pontualmente, contra o pedido do BNDES, nós achamos que não há acúmulo de debates nesta Casa para votar esta matéria desta forma, desta maneira, deste jeito, até por que a questão dos camelôs deve estar casada, na nossa avaliação, porque mudar o trânsito de Porto Alegre significa melhorar o Centro. É o que nós queremos, é por que nós lutamos, mas ela não pode ser tratada de forma isolada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, a vontade das Lideranças e desta Liderança, em especial, é construir, em consenso com as Lideranças que estão aqui presentes, uma Ordem do Dia para hoje. Sugiro suspensão da Sessão por um ou dois minutos para que as Lideranças, junto com V. Ex.ª, possam entrar em acordo sobre isso.

Poderíamos até retirar o Requerimento, conforme acordo das Lideranças, se for necessário.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Exatamente. Atendemos ao pedido de V. Ex.ª e suspendemos a Sessão por dois minutos, para que as Lideranças cheguem a um consenso sobre a Ordem do Dia. Se V. Ex.ª retirar o Requerimento, não existe motivo para ficarmos encaminhando e perdendo tempo.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h48min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 10h59min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão. Com a palavra o Ver. Marcelo Danéris para um Requerimento.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Estou retirando o meu Requerimento, conforme acordo com as Lideranças, e reapresentando um Requerimento com a seguinte ordem: PLL n.º 089/02 e PDL n.º 001/02.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder. Desiste.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, nós suspendemos os trabalhos para acertarmos a entrada na Ordem do Dia. Não estamos na Ordem do Dia?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Não estamos na Ordem do Dia. Estamos ainda em Comunicação de Líder.

 

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, acho que o espaço das Lideranças deve ser preservado em qualquer Sessão. É o momento em que assuntos que estão, não na ordem de uma votação, mas que é obrigatória a sua discussão, precisam ser enfocados. Não poderia, meus queridos colegas Vereadores, especialmente o público que nos honra com sua presença, deixar de trazer um tema de extrema importância nesta manhã de sexta-feira. Eu tenho, nesse um ano e meio de mandato, trabalhado muito nessa questão do lixo de Porto Alegre. Tenho trabalhado quase que diuturnamente nessa questão envolvendo o recolhimento e transbordo do lixo. Cada dia que passa eu me convenço mais, Ver. Isaac Ainhorn, que a maracutaia aumenta dentro do DMLU. Nós, lá atrás, já levamos ao Ministério Público que, com certeza, está trabalhando com muito afinco, mas há muitos processos e ele ainda pode dar resposta sobre essa matéria, denunciando os contratos superfaturados daquela empresa Cores, que foi uma das principais patrocinadoras da campanha do Prefeito que deixou a Cidade. Nós fomos mais além, fomos ao Tribunal de Contas, Presidente, e recebemos ontem uma resposta que eu olhei lá para o lado de antes de 64. Diz que há uma Resolução no Tribunal de Contas de que não se pode fornecer cópias das auditorias feitas no DMLU. Eu não quero ter o desprazer de pedir para exibir esses documentos na Justiça, não quero ter esse desprazer! Acredito que uma Resolução do Tribunal de Contas não pode ser maior do que a Constituição Federal. Portanto, vou apelar ao Presidente do Tribunal de Contas para que forneça cópia a esta Casa, da Auditoria, porque creio que esta Casa tem toda a legitimidade para pedi-las. Agora, Ver. João Antonio Dib, leio o Diário Oficial do dia 12. A empresa Cores, que já recolhia o lixo, deixou de recolher o lixo, e a empresa que está recolhendo está cobrando 35% a menos do que cobrava a Cores, e continua fazendo o transbordo do lixo. No transbordo do lixo, fizeram uma prorrogação criminosa em outubro do ano passado, Ver. Fernando Záchia, que vence agora no dia 14 de agosto. Agora, somente agora, o Diretor do DMLU, Dr. Darci Campani, parceiro da empresa Cores, parceiro do dono da Cores, foi abrir concorrência dizendo que os envelopes serão abertos no dia 22 de julho, quando faltam apenas vinte e poucos dias para terminar o contrato da Cores. Isso significa que vão dar mais um contrato emergencial para pagar as contas de campanha.

Se não bastasse isso, eu recebi uma documentação nos últimos dias - veja, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª que trabalhou, sabe que a empresa Bextra foi aquela por que a Procuradoria do Município foi para a Justiça, dizendo que ela fraudava a balança. Essa empresa continua medindo a balança do DMLU e o INMETRO, agora, pela segunda vez, autua essa empresa, mas ela continua prestando serviços para o DMLU. Não há mais tempo, nós temos de fazer uma CPI nesta Casa, do lixo. Não há mais tempo, vamos ter de averiguar, não há como, os pedidos não são respondidos, o Tribunal de Contas não manda, o Ministério Público tem outros afazeres, e eu acho que especialmente o Governo vai querer esclarecer. O Dr. Darci Campani não pode mais se acobertar atrás dos balcões do DMLU com esses procedimentos.

Cada dia que passa é mais uma questão no DMLU, e, se não bastasse, agora os jornais publicam que o Sr. Rosalino Melles, um homem de confiança, um homem que inclusive instala a sua prestação de contas como doador de campanha, homem de confiança do Politburo do Partido dos Trabalhadores foi afastado do DMLU. É o homem de confiança do Presidente Campani. O que está por trás disso? Não, essa questão é muito séria, Ver. Marcelo Danéris, eu sei que V. Ex.ª tem interesse em esclarecer, sim, porque há muitas, sem dúvida alguma, muitas sujeiras de baixo do tapete do DMLU que precisam ser esclarecidas, por isso nós vamos continuar. Iremos ao Presidente do Tribunal de Contas fazer um apelo a ele para que forneça...; iremos de novo ao Ministério Público. Mas acho, Ver. Antonio Hohlfeldt, que esta Casa tem de aprofundar essa discussão do lixo, porque essa questão é muito séria e não-transparente da gestão dita popular da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSDB.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel, agradeço ao meu Líder, Ver. Antonio Hohlfeldt, pelo tempo do meu Partido, para que eu pudesse fazer esse pronunciamento, Srs. Vereadores. Primeiro, queremos registrar que o Diretor Executivo do Fundo Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, comunicou a liberação de recursos para o Município de Porto Alegre no valor de 794 mil 21 reais e 59 centavos. Portanto, dinheiro do Governo Federal para o Município de Porto Alegre, para atender à saúde.

Por outro lado, Sr. Presidente, eu venho trazendo, desde 1999, a esta Casa, a denúncia de que o Governo do Estado não está concedendo órteses e próteses para as pessoas portadoras de deficiência. O jornal Diário Gaúcho, na edição de ontem, publica que milhares de pessoas portadoras de deficiência, desde que o Partido dos Trabalhadores assumiu o Governo do Estado, não receberam sequer uma única prótese. Dados da própria Secretaria do Estado informam que três mil e duzentas pessoas aguardam aparelho auditivo. Crianças necessitando de aparelho auditivo para poder estudar!

Nós relatamos desta tribuna que, no Município de São Borja, uma mãe, com duas crianças deficientes auditivas, uma com nove anos e a outra com quatorze, que estão inscritas, desde 1998, no programa instituído pelo então Governador Antônio Britto para que o Grupo Hospitalar Conceição fizesse o cadastramento, acompanhamento e fornecimento de aparelhos auditivos, cadeiras de rodas, pernas mecânicas para que as pessoas portadoras de deficiência pudessem ter o direito à inclusão social, pois bem, estamos findando o Governo Olívio Dutra, e até a data de hoje – a própria Secretaria do Estado relata – não foi atendido um único pedido sequer. Este Governo, que fala tanto em inclusão social e que é o Governo popular, está inclusive descumprindo o que determinam as Constituições Federal e Estadual. Nós sabemos que anualmente o Governo Federal, por meio do SUS, repassa um percentual de verbas exatamente para que os governos estaduais atendam essa questão do fornecimento de órteses e próteses às pessoas portadoras de deficiência. E o nosso Governo do Estado, desde que assumiu, em 1999, até agora, não concedeu um centavo sequer para que fossem atendidas essas pessoas que tanto necessitam.

Nós estivemos ontem no Município de Santa Maria, em uma audiência pública na Câmara Municipal de Santa Maria, onde fomos recebidos pelo nosso colega e amigo Ver. Júlio Brener, do meu Partido, o PSDB. Em audiência pública também foi denunciado que, em Santa Maria, uma única cadeira de rodas foi atendida pelo Governo do Estado, um único aparelho auditivo foi distribuído àquelas pessoas que necessitam. Estivemos lá entregando uma cadeira de rodas fornecida pela Empresa Ortobrás que, a exemplo do que fazem as Lojas Tevah, em Porto Alegre, os seus funcionários doaram um dia da produção solidária dessa empresa que fabrica cadeiras de rodas.

O Governo do Estado nada está fazendo para que se busque a plena inclusão social das pessoas portadoras de deficiência.

Por outro lado, queremos saudar iniciativas como a das Lojas Tevah, como a da Empresa Ortobrás, que vêm possibilitando que pessoas portadoras de deficiência, que necessitam de uma cadeira de rodas para poderem se locomover, possam buscar a sua inclusão social. Essas empresas estão, portanto, recebendo a nossa saudação, os nossos parabéns. Por outro lado, a nossa crítica contumaz contra o Governo do Estado que, desde que assumiu, até agora, não doou sequer uma cadeira de rodas, um aparelho auditivo para a inclusão das pessoas portadoras de deficiência. Quem está dizendo isso não é somente este Vereador, quem está dizendo é a própria Secretaria Estadual do Governo do Partido dos Trabalhadores. É o registro que faço na manhã de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, bem no início da gestão do Partido dos Trabalhadores aqui em Porto Alegre, eu me lembro que nós tivemos uma falsa licitação para aquisição de um incinerador de lixo. Ainda me recordo que nós abrimos aqui uma CPI, que conseguiu detectar alguma coisa, e entre as coisas importantes estava que o cidadão que havia ganhado a licitação para colocar aqui o incinerador de lixo era um militante petista, um dirigente petista, que morava em Campinas; tinha lá uma empresa, e, de repente, o incinerador nem funcionou aqui. Não pode nem funcionar, porque, na verdade, ele não tinha as técnicas necessárias, mas acabou ganhando aquela licitação. Foi uma falsidade utilizada por esta Administração, mas, com este discurso de que são os donos da moral, a coisa passou batida e ninguém deu importância.

Depois, Ver. João Antonio Dib, nós tivemos o caso do peso do lixo. Só contrario o meu amigo Ver. Sebastião Melo com relação a isso, pois acho que a empresa não tem nada a ver com isso. O problema é todo da Administração, que quis, de alguma forma, por causa de algumas vantagens, dar para alguém algo que a beneficiava em troca também de ajuda.

Agora nós temos esse caso escandaloso, vergonhoso, dessa empresa de turismo, dirigida pelo Sr. Diógenes, em que ele está envolvido. Alguém que foi Secretário do Sr. Olívio Dutra, que foi um militante do PT, que foi Secretário do Município, e lembro-me muito bem que, antes de ser Secretário do Município, ele liderava algumas massas de trabalhadores que trazia a esta Casa, Ver. João Antonio Dib, para protestar, na época em que V. Ex.ª era Prefeito da Cidade, contra o aumento das passagens de ônibus, em 1983, 1984, e ele depois foi Secretário dos Transportes e, como Secretário, acabou beneficiando todas as empresas de ônibus e acabou sendo empregado de uma dessas empresas.

Bom, como se não bastasse tudo isso, nós estamos vendo que esse Orçamento Participativo, essa enganação que o PT costuma fazer com a população segue exatamente essa trilha, porque também dentro do Orçamento Participativo acontece exatamente isto: o PT faz com que as populações pensem que elas estão escolhendo as obras que são realizadas na Cidade, mas, na verdade, não estão. Quem escolhe essas obras são as próprias pessoas do Executivo que contratam as empresas que bem querem, dentro daquela área de interesse que o PT tem de receber apoio de alguma dessas empresas. Então, acredito que a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, está mais do que avisada de que estamos diante de pessoas que praticam uma falsa moral, de pessoas que procuram fazer com que a prática da enganação, da enrolação, seja a prática vitoriosa, e, por isso mesmo, penso que nós estamos muito prestes a derrotar essa falsa moral, a derrotar essa enrolação e essa enganação que tem infelicitado tantas pessoas aqui no Rio Grande do Sul e que eu acredito que precisa ter um paradeiro. É hora de a população dizer: “Basta, não somos tolos, não queremos mais continuar sendo enganados.” “Nós já sabemos.” “Nós já enxergamos que o PT é dono de uma falsa moral, que o PT e o seu Diógenes estão aí apenas para tirar proveito da população.” E, por isso mesmo, penso que lá, em outubro, um “não” para o PT vai ser realmente a resposta que o povo vai dar, para dizer: “Não somos tolos, chega de enganação!” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, saúdo os comerciários e os não-comerciários que lotam as nossas galerias. Sr. Presidente, me foi perguntado o que deveria ser feito com o dinheiro da Prefeitura. Eu respondi ao Ver. Estilac Xavier que o dinheiro da Prefeitura deveria ser usado na realização de obras e em serviços, deveria ser usado de tal sorte que os problemas de uma cidade, que nunca serão resolvidos na sua plenitude, fossem diminuídos.

Eu assumi a Prefeitura com o compromisso de resolver todos os problemas que fossem possíveis de resolver, mas, sobretudo, com o compromisso de não criar nenhum problema. Agora, a Administração do Partido dos Trabalhadores vem a esta tribuna e diz que a Prefeitura de Porto Alegre é saneável. Historicamente, a Prefeitura de Porto Alegre tem as suas contas saneadas, especialmente depois do extraordinário Prefeito José Loureiro da Silva, nas suas duas administrações.

O Prefeito Loureiro da Silva assumiu a Prefeitura, em 1960, com os salários atrasados. Mesmo nessa condição, ele conseguiu um empréstimo com o BID para fazermos a hidráulica do Menino Deus, que hoje leva o seu nome, José Loureiro da Silva, e para que pudéssemos fazer a grande autarquia que o DMAE é hoje, mas sem que mentíssemos no passado. Hoje, dizem que 99,5% da população é abastecida. Não é verdade, mas eles dizem!

Portanto, essa Prefeitura é modelo em todo o País, há muito tempo, sem que o PT tivesse feito qualquer coisa. Agora, a vocação bancária do PT já se mostrou no segundo ano da Administração. Eles gostam muito dos banqueiros, mas falam mal deles. Falam muito mal dos banqueiros, mas dão dinheiro para que os banqueiros enriqueçam. Não pagam uma parcela do 13.º salário, em julho, tendo todo esse dinheiro no banco. Mas os servidores da Prefeitura, no cheque forte, pagam 9, 10 e 11% ao mês! E eles ganham 1% do banqueiro! A Prefeitura é assim. No primeiro ano de Administração do Dr. Olívio, ele teve algumas dificuldades; teve, vou reconhecer. Mas, em janeiro de 1990, eles já mostraram aquele negócio do bancário, entre aspas, que era o Dr. Olívio, ele agia como banqueiro. Ele, então, resolveu, no primeiro ano da Administração, atrasar o salário dos servidores municipais, tendo dinheiro.

Então, ele disse que, no dia 31 de janeiro de 1990, ele pagaria uma parte; dia 06 de fevereiro, ele pagaria a segunda parte; dia 15 de fevereiro, pagaria a terceira parte. Ele queria segurar o dinheiro do trabalhador! O dinheiro do trabalhador, não era outro! O Partido dos Trabalhadores. Aí, eu dizia: “Não, mas, Prefeito, V. Ex.ª tem o dinheiro, tem de pagar!” Ele dizia: “Não, eu preciso de 70 milhões e não tenho!” Eu disse: “V. Ex.ª tem o dinheiro, tem de pagar!”

E Deus escreve certo por linhas tortas. Um amigo meu coloca dez mil cruzeiros no overnight e recebe em casa um recibo de 107 milhões de cruzeiros, nos primeiros dias de fevereiro de 1990. Cento e sete milhões de quem não tinha setenta! Não hesitaram em tirar o dinheiro dos trabalhadores para colocá-lo no banco! Para ajudar os banqueiros a enriquecerem mais! E vêm aqui me perguntar o que fazer com o dinheiro da Prefeitura? Obras e serviços. Obras e serviços, e não mais do que isso. Querem arrecadar mais? Para quê? Para botar no banco, a 1%, 1,2%.

Eu fui Secretário de Obras, fui Diretor do DMAE, fui Secretário de Transportes – tudo isso faz obras – e fui Prefeito! E que dificuldade eu tinha no que se refere a recursos! Agora não, agora, os banqueiros estão bem. No nosso tempo, nós fazíamos obras para esta Cidade, marcamos a nossa passagem com respeito, com dignidade, com honra, e com seriedade e responsabilidade! Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, lideranças comerciárias, diversos sindicatos aqui presentes, federação, todos que nos escutam aqui nesta Casa e aguardam ansiosamente a votação que se seguirá, e aos que nos assistem, também, nas suas residências. No dia de hoje, os jornais estampam a informação de que os superávit primário do Governo Federal será, este ano, de 48,7 bilhões de reais. O que é o superávit primário? Palavra difícil, que nós não conhecemos, por isso lemos a notícia, mas não sabemos o que está escondido atrás. O superávit primário, Ver. João Antonio Dib, é o que está sobrando! Depois que o governo arrecadou todos os impostos, a CPMF que todos vocês vão pagar, mas que os investidores da Bolsa de Valores não vão pagar... Ou seja, quando vocês derem um cheque, pagarem qualquer coisa, retirarem o salário mensal, vocês pagam a CPMF, não pagam? Mas o Soros e todos os especuladores não vão pagar, porque eles são “protegidos dos homens”. Então, recolhidos os impostos, pagos todos os funcionários federais, pago todo o custo da máquina pública, pagos os investimentos do Governo, vão sobrar, Ver. João Antonio Dib – V. Ex.ª que acusa o Governo Municipal de ter uma sobra de caixa para poder pagar os seus compromissos –, para o Governo Federal, do qual o seu Partido faz parte, 48,7 bilhões. E vocês fazem idéia o que é esse dinheiro? Eu vou dizer, porque me dei ao trabalho de calcular: esse dinheiro pagaria, durante um ano, salário mínimo para vinte milhões, duzentos e noventa e um mil, seiscentos e sessenta e seis trabalhadores. E eles economizam tudo isso! De onde sai esse dinheiro, companheirada? Da saúde, que está faltando para o povo brasileiro; da educação, que o nosso povo não tem; da habitação, que está faltando; do saneamento, que não há nas vilas; enfim, da assistência social e tudo o mais. E para onde vai esse dinheiro? Vocês já pensaram para aonde vai o dinheiro que pagaria salário mínimo para 20 milhões de brasileiros que estão desempregados? Pois esse dinheiro vai para pagar somente o juro, Ver. João Antonio Dib, dos banqueiros nacionais e internacionais. Enquanto não tem saúde, não tem educação, não tem trabalho, eles juntam 50 bilhões de reais e pagam só a metade do juro, porque o juro neste ano será de 120 bilhões de reais – mais do que o dobro do que eles conseguem. Por isso a dívida interna vai rolando, vai crescendo cada vez mais. Começou com o Fernando Henrique Cardoso com 60 bilhões, e já está em 660 bilhões e deverá aumentar este ano em mais 130 bilhões. Tem jeito, se continuar essa caminhada? Evidente que não. Por isso, a maioria do povo brasileiro está dizendo nas pesquisas que quer mudar o Brasil, que quer um novo rumo para o Brasil, tanto que os candidatos que se opõem ao Fernando Henrique Cardoso – o Lula tem 40%; o Garotinho tem 18%; o Ciro tem 15% - têm esses percentuais.

E aí, minha gente, quando o dólar dispara, quando o mercado fica instável, a culpa é do povo, porque não está contente com o que está aí e está dizendo que não vai votar no Serra do “mosquito da dengue”. Eles querem que o povo, para que eles e o mercado fiquem tranqüilos e o dólar não suba, diga que quer continuar. Vamos abrir o olho! Este ano o povo vai dar um novo rumo para este Brasil, que defenda a Nação brasileira, que defenda os direitos dos trabalhadores como hoje o direito do comerciário, que querem tirar, de descansar no domingo; como a CLT, com que eles querem acabar.

Por isso, em nome da Liderança do PC do B, encerro este pronunciamento, chamando a que o nosso povo se una e continue dizendo que quer mudar o Brasil! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Registramos a presença e saudamos o Ver. Jair Rizzo, do PDT de Rio Grande. Seja bem-vindo, Vereador. (Palmas.)

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no fim de semana, o PSB teve o seu maior congresso nacional. Lá estiveram aproximadamente dez mil pessoas, quando houve a confirmação do nosso candidato à Presidência da República, ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Também ficou decidido pelo diretório nacional, e aprovado no congresso, que o PSB lançará candidato ao Governo do Estado em todos os Estados do nosso País. O PSB gaúcho, até então, já havia tomado uma posição no nosso congresso de não ter candidato. Mas também entendemos que este é o momento de unir; não é o momento de nos insurgirmos. E, por isso, no dia 22 deste mês, na convenção que definirá os candidatos às proporcionais a Deputado Estadual e a Deputado Federal, o PSB vai tirar um indicativo de quem será o seu candidato a Governador.

Queremos deixar bem claro que ainda o programa, o projeto, da Frente Popular faz parte do compromisso histórico do PSB no nosso Estado, de manter essa unidade das esquerdas. Entendemos que, em momento algum, o PSB vem com uma proposta de dividir a esquerda gaúcha, mas vem com uma proposta de dar uma sustentação a essa esquerda gaúcha, mas, ao mesmo tempo, também de poder divulgar e expandir o grande projeto nacional do PSB, que é a busca de uma vitória de Anthony Garotinho para Presidente do nosso País. E algumas questões são bem claras, como algumas propostas de geração de renda, buscando uma redução dos juros e fazer com que esse investimento seja colocado nas pequenas e médias empresas, porque entendemos que, no nosso País, é algo abusivo que, quando qualquer pessoa deixa o seu salário numa caderneta de poupança, isso rende menos de 1% ao mês; em compensação, no momento em que se pega qualquer dinheiro no banco, não sai por menos de 10%. Portanto, essa - vou usar um termo forte - agiotagem no nosso País é algo regularizado. Às vezes se consegue dinheiro de um agiota com o juro menor do que o bancário. Isso o nosso Partido quer combater de maneira incisiva, bem como criar projetos para incentivo ao primeiro emprego, pois entendemos que no nosso País há as grandes dicotomias: quem quer conseguir o primeiro emprego não consegue, porque não tem experiência; ao mesmo tempo, quem tem acima de quarenta anos não consegue emprego, porque é velho. Na realidade, temos que criar políticas públicas de geração de renda e principalmente geração de empregos, porque é inadmissível que no nosso País hoje quase 16% da população não tenha emprego, e, se não tem emprego, não gera renda.

É por isso que esperamos que, no dia 22, o PSB, dentro dessa proposta de ter candidatura própria, tenha êxito, mas entendendo que o objetivo não é dividir a esquerda; o nosso objetivo claro, sim, é fazer com que Anthony Garotinho possa chegar, em outubro, ao Planalto e ser realmente Presidente do nosso Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Paulo Brum, na Presidência dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, antes de mais nada, quero saudar os companheiros e companheiras comerciários, os pequenos e médios comerciantes, que também se fazem presentes aqui. Estranho que com tanto público, num Projeto tão importante como hoje, alguns Vereadores engajados nesse debate preferiram fazer um debate político-partidário eleitoral, em vista do público aqui, a tratar do assunto sobre o qual esses companheiros e companheiras vieram hoje aqui discutir com a Câmara dos Vereadores. Estranho. Mas nós vivemos tempos estranhos, mesmo; vivemos tempos muito estranhos. Eu lia, hoje, em alguns meios de comunicação criticando decisões judiciais quando elas são a favor dos trabalhadores ou de partidos ligados ao Partido dos Trabalhadores. É muito estranho! Quando a decisão é para a elite dominante, poderosa, dizem: “Ah! Estado democrático de direito.” A decisão é para os trabalhadores, para os sem-terra? É a ideologização da Justiça, que está ideologizada, partidarizada. Então, para trabalhador e para sem-terra, nem pensar.

Quando o cidadão comum do povo, uma pessoa se sente atacada por alguém, busca os seus direitos na Justiça e ganha, dizem: Ah! É perseguição! Aí é perseguição, não tem justiça, estão sendo perseguidos. Processos stalinistas. Muito estranho! É muito estranho que, a quinze dias das eleições, após o Ministério Público ter arquivado a farsa da CPI da Segurança, quinze dias antes das eleições, surja uma testemunha que, inclusive, roubou 120 mil, é a testemunha-chave. É muito estranho!

Eu penso que a população deve se olhar e dizer: “Nós não somos bobos.” Quem está do outro lado da televisão deve dizer: “Eles estão nos tirando para bobos.” Não pode ser normal que, a quinze dias das eleições, tudo possa ocorrer. Não pode ser normal que, a quinze dias das eleições, os sem-terra sejam considerados criminosos e exista um general na Amazônia que diga que é um movimento armado. Mas vão fazer reforma agrária que não tem movimento dos sem-terra! É só fazer justiça social que não tem movimento dos sem-terra!

Se não querem que os comerciários ocupem as galerias, então, não votem o comércio aos domingos, sem nenhuma regra, que os comerciários não virão para cá incomodar alguns Vereadores.

As coisas são tão simples quando se faz justiça social, mas elas são tão complicadas e entortadas, manipuladas, para que se tenham outras leituras. Mas que estranho que isso seja a quinze dias das eleições! Que tempos estranhos nós vivemos hoje.

Agora, o Governo Federal, que está há oito anos no poder, faz a política econômica que bem entende, vota e “desvota” o que quer, no Congresso, e diz que o risco-Brasil é culpa dos trabalhadores que querem eleger um trabalhador para Presidente. Mas o único risco que este País corre é o de não mudar, esse é o risco que este País corre. Este País precisa mudar. O maior risco-Brasil é o risco de não mudar a política econômica, é o risco de não fazer justiça social. E vamos deixar esta disputa político-eleitoral, porque a população que nos ouve, o eleitorado no Rio Grande do Sul, a população no Rio Grande do Sul, já demonstrou várias vezes que não se engana com pouca coisa. Não são pequenas manipulações, leituras tortas, inversões de verdades que vão fazer com que essa população politizada, ativa, militante, que participa efetivamente das eleições vá se enganar com meia dúzia de manchetes. Vamos fazer a história dos trabalhadores. Vamos fazer a nossa história neste ano. Não há risco que nos tire a vontade de mudar este País. Chegou a nossa vez e ninguém vai segurar os trabalhadores nas ruas pela mudança neste País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passo a presidência dos trabalhos ao Ver. José Fortunati.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1574/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Com Emendas n.ºs 01, 02 e 03.

 

Observação:

- renovação de votação nos termos do art. 196 do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Renovação de votação do PLL n.º 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Já foram distribuídos aos Srs. e Sr.ªs Vereadoras os encaminhamentos, de acordo com a orientação da Diretoria Legislativa. Indago se todos receberam as orientações.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, particularmente, para ganharmos tempo e podermos consultar, eventualmente, a Procuradoria da Casa, eu entendo que, no caso da rejeição do art. 1.º e do art. 2.º, não só fica prejudicado o que já está mencionado no documento, quanto automaticamente ficaria prejudicado o art. 3.º e o art. 4.º do Projeto. É nesse sentido que eu levanto a Questão de Ordem a V. Ex.ª, para que se faça a reconsulta. No meu entendimento, eventualmente eliminados os artigos 1.º e 2.º, os artigos 3.º e o 4.º, que dizem que a lei entra em vigor tal coisa e revoga tal coisa, evidentemente não têm mais como subsistir, mas tem de ser confirmado isso, até é uma questão de encaminhamento.

 

O SR. NEREU D’AVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu creio que em parte o Ver Antonio Hohlfeldt tem razão, mas eu gostaria de ressaltar que o art. 4.º tem tanta importância quanto o art. 1.º, porque ele revoga a lei atual. Embora tenha sido já rejeitado, foi pedida a renovação, portanto, nós achamos que devam ser votados todos esses artigos em renovação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Vereadores Nereu D’Avila e Antonio Hohlfeldt, enquanto nós passamos à discussão da matéria, farei as consultas devidas para posterior decisão.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, seria interessante uma manifestação prévia, uma vez que, no caso de renovação, V. Ex.ª usou como sinônimo discussão ao encaminhamento, porque nessa matéria só há o encaminhamento. Entendo que o art. 4.º é um artigo de técnica jurídica da revogação de leis, então ficaria vazio, realmente está prejudicado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Isaac Ainhorn, todos os Vereadores já foram cientificados de que esta Presidência fará consulta enquanto os Vereadores estiverem encaminhando a matéria.

O Vereador Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02, destacado.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, lideranças comerciárias, comerciantes, população em geral que nos assiste aqui e também em suas casas. Em primeiro lugar, queria dizer que nos parece que a votação de hoje é uma votação sábia, porque teremos a oportunidade de, realmente, depois de um amadurecimento da matéria, consultados os interessados maiores, que são os comerciários e as comerciárias, também os pequenos comerciantes, os outros setores do comércio, consultados os partidos que têm os seus programas, têm as suas linhas de conduta que, certamente, orientam a cada um dos Vereadores nos seus votos, em suma, temos condições hoje de realmente fazer aquela votação madura, correta, da responsabilidade de uma matéria tão importante para a cidade de Porto Alegre. Uma matéria que realmente não é nova, já em 1884 a sociedade gaúcha, em pleno período da escravidão, decidiu que o domingo deveria ser um dia para a família, para o lazer, para os que têm religião terem os seus cultos, e assim por diante.

Então, vou entrar rapidamente no mérito da matéria. Primeiro, nós entendemos que a atual lei também é uma lei que corresponde à modernidade. Ela não proíbe, de forma terminante, a abertura do comércio. Ela permite, primeiro, vinte e três situações, que são os açougues, as padarias, as farmácias, os postos de combustível, as fruteiras, as feiras livres, as feiras de artesanato. Vinte e três situações que não dependem de nada e podem abrir. Segundo, ela permite que o pequeno comerciante, que trabalha com os sócios, que trabalha com os familiares, possa abrir no Domingo; e, aliás, o fato de ele poder abrir no domingo e o resto do grande comércio não abrir é a salvação dele, é a salvação do armazém da vila, é a salvação do pequeno comércio e do comércio de rua. Então, também está contemplado na Lei a atual.

Mas se isso não bastasse, a Lei atual permite que os comerciários e os comerciantes, através da livre negociação - que muita gente enche a boca: “liberdade de negociação”, mas parece que não gostam de negociar -, em tese, possam abrir, inclusive nos cinqüenta e dois domingos. Mas todos nós sabemos que nunca os comerciários e as comerciárias aceitarão isso, porque são pessoas que têm família, que prezam a família, que não vivem para trabalhar, mas trabalham para viver, então também querem ter oportunidade de estar com as suas famílias. E, o normal, o que era? Uma negociação de dez, onze, doze domingos: o que antecede o Dia dos Pais, Dias da Mães, Páscoa, Natal. Então a Lei atual supre tudo isso.

Agora, esse Projeto, minha gente, simplesmente tornará unicamente decisão do empresário abrir todos os domingos, todos os feriados, todos os feriadões. E ele não vai abrir, ele vai mandar o gerente, ele vai estar com a família dele, vai estar no exterior. Mas pior do que isso, ao não haver mais a negociação, os 26 reais de bônus acabam, o vale-transporte acaba, o vale-refeição acaba, aquele domingo extra, aquela folga extra a cada três domingos acaba. Então, não só torna tudo liberado como prejudica os direitos dos comerciários e das comerciárias. E, pior do que tudo, a comerciária, que já tem uma dupla jornada de trabalho, vai ficar escravizada no lar ou no comércio.

Para concluir, queria dizer que não há benefício nenhum para a sociedade, não vai aumentar a venda, porque a venda não depende do número de dias que abre o comércio, mas depende do dinheiro do bolso do povo, que está cada vez menor; não vai aumentar o emprego, ao contrário, vai diminuir, porque, quando quebrar o pequeno comércio, para cada vaga que abre no shopping, se abrir, diminuem 1,6 vagas. Não vai dar mais emprego, não vai aumentar as vendas, mas vai prejudicar, vai arruinar o pequeno comércio e o comércio de rua e de bairro. Por isso, a Bancada do PC do B encaminha contra este Projeto e credita à grande mobilização dos comerciários e das comerciárias a vitória que teremos hoje aqui. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02, destacado.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Ilustre Presidente da Câmara, Ver. José Fortunati, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, estamos diante de uma decisão que influenciará os costumes da cidade de Porto Alegre, pois que só de vigência a Lei n.º 7.109 tem dez anos - ela é de 92. Ela, no início, tímida, oportunizando a negociação entre os sindicatos patronais e dos trabalhadores, permitiu ao comércio inicialmente abrir em poucos domingos. Ao longo do tempo, acentuaram-se as negociações, e, no ano passado, em 2001, abriram em doze domingos em Porto Alegre. Isso resultou em que o comércio fosse aberto nos domingos anteriores aos domingos que precedem datas da maior importância como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados. Diante disso, parece-nos que a Lei vigente não prejudica o consumidor.

Os discursos que tenho ouvido a favor da abertura do comércio é de que o consumidor tem o direito de comprar no momento em que ele quiser. Isso é absolutamente correto, só que o consumidor, para comprar, tem de ter dinheiro, e o dinheiro não existe neste momento. A situação econômica é uma realidade: está-se prevendo já – os jornais de ontem foram exuberantes ao dizer isto – que, quanto ao risco-Brasil, talvez, depois das eleições, nós caminhemos no mesmo sentido da Argentina. Se a crise é tão grande, que se está fazendo um alarmismo geral – e não se precisa nem de elucubrações econômicas -, é só visitar os shoppings nos fins de semana para ver muita gente, inclusive da Grande Porto Alegre, que traz as crianças para passear, para as praças de alimentação, porque ali há segurança, cinema; agora, vê-se pouca gente nas lojas, essa é que é a realidade. Então, a Lei aqui de Porto Alegre me parece boa. É um sofisma dizer que Porto Alegre não oportuniza ao consumidor comprar aos domingos. Agora, existem sutilezas nessa situação. Uma das sutilezas é que se quer liberdade, mas uma liberdade que prejudica o fraco e fortalece o forte, porque, dentro dessa concepção, não se quer nem pagar os 25, 26 reais para que se trabalhe aos domingos.

O PDT não fechou questão, mas recomendou aos Srs. Vereadores, liberando o Ver. Isaac Ainhorn, em razão da sua luta de mais de dez anos favorável à abertura do comércio. O PDT, tendo em vista a história desse Vereador, não fechou questão, mas é o PDT – registre-se desta tribuna – que vai, com a virada de dois votos, efetivamente, na prática, não permitir a abertura do comércio aos domingos.

Aqui na Câmara as questões são sopesadas e decididas no Plenário, e o Plenário tem trinta e três Vereadores. O que prevalece é a maioria sobre a minoria. Nesse teor, uma maioria que inclusive deu quatro votos de diferença, permitiu a abertura do comércio aos domingos – o art. 1º foi aprovado por diferença de quatro votos. Depois, com a chegada de um Vereador do PDT, João Bosco Vaz, é que se conseguiu a renovação de votação, porque é de três votos a diferença que o Regimento permite. Como eu tenho ouvido alguns meios de comunicação fazendo blague a respeito da doutrina do PDT, quero dizer que a doutrina do PDT é clara, o Partido tem quatro prioridades absolutas: a mulher, o negro, o índio e o trabalhador. E aqui está em jogo o trabalhador. Por isso esta é uma questão doutrinária, sim, para o PDT. Portanto, nós encaminhamos contrários a esse art. 1º, que já foi aprovado, e que, nesta renovação, deve ser reprovado. Não deve ser aprovado aquilo que diz que fica autorizado o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.

Por isso o encaminhamento da Bancada do PDT é contrário a este Projeto, é contrário ao art. 1º. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 089/02.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente Ver. José Fortunati, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores comerciários, que há tanto tempo nos acompanham nesta importante discussão, quero iniciar a minha fala fazendo uma referência especial às mulheres comerciárias.

Ontem tivemos um debate na TV Câmara e foi levantado um número bastante alarmante para nós de que trinta e dois milhões de lares brasileiros são chefiados por mulheres, e nessa categoria mais de 50% são mulheres trabalhadoras, que lutam bravamente para terem o direito do seu domingo preservado junto às suas famílias. Sobre esse quesito é importante falar, porque é uma luta histórica das mulheres a garantia da convivência familiar e comunitária com seus filhos, com seus vizinhos, nos domingos principalmente. Quero destacar que as mulheres trabalham, e trabalham muito, muitas vezes percebendo salários menores do que recebem os homens, nessa mesma categoria.

A luta árdua dessa categoria é para que se mantenha o que já existe de concreto na legislação, que é o acordo entre as partes envolvidas - patrão e empregado -, para que o comércio abra aos domingos quando houver esse acordo. É isso o que queremos. Não estamos dizendo que não possa o comércio ser aberto aos domingos; dizemos que seja respeitado o sindicato, que seja respeitado o acordo, que efetivamente se pague o valor correto a essa categoria pelas horas-extras trabalhadas num domingo, por exemplo. E não é somente a questão do valor, não é somente a questão do dinheiro, mas está em jogo muito mais do que isso, está em jogo a convivência que se tem de ter, o prazer que se tem de ter ao lado da família, ao lado dos filhos, ao lado dos vizinhos.

Falamos há pouco na questão da drogadição, falamos na questão da violência doméstica, falamos em questões importantes para o Município e estamos querendo privar ainda as mulheres comerciárias, e os homens comerciários, de terem o prazer do convívio com as suas famílias aos domingos. Mais do que isso: estamos tirando isso das pessoas, das famílias, e quando falo em famílias não falo de pai e mãe, falo de núcleo familiar, daqueles que são sustentados pelos comerciários. A essa família é que me refiro, e é essa a família que está em jogo. E a mulher comerciária pode perder o seu dia de lazer, o dia em que pode estar com os seus filhos, o dia em que se organiza, inclusive, para poder manter o seu trabalho durante a semana. Podem até dizer que isso é subjetivo. Não é subjetivo! Isso é o cotidiano das pessoas que trabalham todos os dias da semana e que só têm o domingo para praticar a sua confissão religiosa, para ter o envolvimento com seus filhos, para colocar a sua casa em ordem, lavar a roupa, cuidar do que precisa ser cuidado para poder estar na segunda-feira no seu trabalho, junto, respondendo às suas responsabilidades. É muito sério o que queremos fazer aqui!

Fico muito feliz que as falas tenham sido diferentes durante esta semana. Não à abertura do comércio aos domingos significa que as pessoas possam efetivamente viver melhor, ter uma melhor qualidade de vida junto a sua família e até mesmo em prol de si mesmas. Nós falamos muitas vezes na qualidade de vida que nós precisamos ter para enfrentar o nosso cotidiano, e com essa Lei nós vamos estar dizendo que não vai ser mais possível isso. Nós vamos estar engessando principalmente as mulheres, porque as creches não funcionam aos domingos, porque as escolas não funcionam aos domingos, e aí nós vamos estar, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, dizendo para essas mulheres e para esses homens que deixem seus filhos à mercê da própria sorte. Depois nós viremos aqui para discutir problemas como a drogadição, como o alcoolismo, como a violência doméstica, quando não levamos em consideração essa discussão na hora da apresentação de um Projeto tão importante como este.

Portanto, a Bancada do Partido dos Trabalhadores continua com a mesma postura, dizendo não à abertura do comércio aos domingos, respeitando a qualidade de vida dos comerciários da cidade de Porto Alegre. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02, destacado.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e senhores aqui presentes, nesta manhã de grande vontade de decisão desta Casa, o Partido Trabalhista Brasileiro, através deste Líder, naquele dia em que aconteceu essa votação de surpresa, não tive condições de conversar com os demais Vereadores. Este Líder respeita muito a opinião dos outros Vereadores, do Ver. Elói Guimarães e do Ver. Elias Vidal, nosso primeiro Suplente, que está no lugar do Ver. Haroldo de Souza, que se elegeu pelo nosso Partido, mas no meio do caminho trocou de Partido.

Portanto, eu, rigorosamente, estou na doutrina do trabalhismo. Naquela oportunidade, na outra, de vinte e quatro a oito, ou seja, três por um, muitos, no decorrer, mudaram de opinião, e hoje a coisa anda mais ou menos parelha. Muitos mudaram, mas não explicaram por que mudaram.

Quero dizer que pressão de jornalista nenhum mudará o pensamento e a concepção deste Vereador. Não será com fotos nos jornais que chegamos na hora, mas chegamos, porque já tínhamos dado presença na Ordem do Dia, aptos a votar. E, se quiserem fazer um levantamento da minha presença no Plenário, verão que eu sou um dos mais assíduos nesta Casa, tanto na Comissão de Defesa do Consumidor e dos Direitos Humanos como no Plenário às segundas, quartas e sextas-feiras. Portanto, eu estava aqui, quase à uma hora da madrugada, para colocar o meu voto com satisfação e com convicção. Isso é o mais importante. Vereador tem de ter convicção, não pode mudar a qualquer hora, conforme a maré, conforme pressão de jornalista, até porque sou radialista e nunca peguei um microfone para condicionar alguém a esta ou àquela opinião. Cada um com a sua convicção, e a minha é de que, enquanto não houver acerto, o Partido Trabalhista Brasileiro tem de avançar, sim; Getúlio seria muito mais avançado hoje do que na sua época, como também Pasqualini, João Goulart. Mas eu não tenho dúvida que jamais deixaria o trabalhador numa pior. (Palmas.) Ele iria negociar até o final, como nós queremos, ou seja, uma negociação sempre beneficiando àqueles que são os mais frágeis, os mais fracos: o trabalhador, a média, a pequena e a micro empresa.

Então, só colocar no jornal que é a questão do “sim” ou do “não”, não é verdade. Nesta semana, fui conversar nas lojas e as únicas que não me deixaram conversar com os trabalhadores foram aquelas que estão, não só no Centro, mas principalmente nos shoppings da Cidade, porque elas é que têm o interesse, têm segurança.

Quero alertar aos senhores, porque viajei pelo mundo, que a maioria dos shoppings não são dentro da cidade; são nas “BRs”, fora da cidade, para quem quiser que vá lá comprar. Mas, dentro da cidade, nós temos que proteger o trabalhador, a média, a pequena e a microempresa. (Palmas.)

Portanto, Sr. Presidente, a posição deste Vereador é, como sempre esteve, ao lado do trabalhador. É mais uma vez pela negociação, pelos trabalhadores, pela média, pequena e microempresa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o art. n.º 01 do PLL n.º 089/02.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhores comerciários e senhores não-comerciários, que lotam as nossas galerias. Eu tenho a convicção de que um Vereador que se respeita, sente, estuda e termina tendo convicções. Eu sei que nesta Casa têm Vereadores que têm a convicção de que o comércio deve ser aberto aos domingos. Têm outros que não querem que seja aberto aos domingos. Respeitamos ambos os lados. Cada um tem o direito e o dever, até, de estudar. Se alguns estudam bem, outros estudam mal, isso é outro problema.

Aqueles que pensam que o comércio deve abrir aos domingos, evidentemente, estão pensando na Cidade como um todo, não nas galerias que aqui estão presentes, que têm o nosso profundo respeito.

Agora, eu não pretendia fazer a utilização deste período de encaminhamento, porque acho desnecessário, eu sei o resultado que vai acontecer. E não é porque tenha mais gente ou menos gente que o resultado vai ser alterado. Eu queria falar exatamente de respeito, respeito com a coletividade, respeito com a própria Câmara.

Eu falo sempre aqui, na Pauta, que a Ordem do Dia tem cem projetos, como tem hoje. Eu não quero a Ordem do Dia, eu anseio pelo dia da ordem. Nós tínhamos de votar o Decreto Legislativo, tornando sem efeito o absurdo Decreto do Prefeito que abandonou a Cidade com aumentos de 1096%! Na Ordem do Dia, como este, Renovação de Votação, entrou; deveria estar depois do que já estava, não está, mas eu também não me incomodo.

Mas o respeito que eu quero falar é exatamente ao comerciário, a aqueles que aqui vêm. Porque, outro dia, eu falei do palco e da platéia. Tendo palco e platéia, os discursos se multiplicam. E eu lembrei que os senhores são o palco e a platéia. E eu lembrei também que, no palco, a gente sobe e, conseqüentemente, pisa sobre aquele em quem a gente sobe.

Eu quero dizer aos meus colegas Vereadores e a todos aqueles que me escutam que, no dia 29 de maio, nós poderíamos ter encerrado a votação, sem nenhum problema! Nós teríamos o mesmo resultado que vamos ter hoje, exatamente o mesmo resultado!

Mas nós deixamos de votar no dia 29, entramos no dia 30; 31, não votamos; no dia 03, não votamos; no dia 05, não votamos; no dia 07, não votamos; no dia 10, não votamos; no dia 12, renovamos a votação e, hoje, nós vamos fazer a votação. Se houvesse respeito, nós não precisaríamos ser pressionados por ninguém, porque a pressão também não vai adiantar, porque eu acredito que todos os Vereadores têm a responsabilidade e a moral de saber representar aqueles que os trouxeram até aqui. E é por isso que, em nome desse respeito, para que eu acredite que há alguma seriedade ainda, que sobre algo de seriedade na situação, e naqueles que defendem a não-abertura do comércio aos domingos; para que eu entenda que há seriedade nos seus discursos - que são vazios, repetidos -, eu penso que não há necessidade, depois deste encaminhamento, de nenhum novo encaminhamento, porque eu duvido que esses “mestres”, que aqui usam e abusam da palavra, saibam acrescentar algo de novo. Duvido que acrescentem alguma coisa. (Palmas.)

Então, em homenagem àqueles que sofrem hoje aqui neste Plenário, em respeito à Casa do Povo de Porto Alegre, eu estou esperando que este seja o último encaminhamento, de um só artigo, tudo bem, os outros serão iguais, não há o que encaminhar. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02.

 

 O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a todos os que estão na Casa, hoje, àqueles que nos assistem, através do Canal 16, historicamente, a posição que sempre adotei nesta Casa sobre a questão do comércio aos domingos, foi a de que seriam os dois sindicatos que deveriam negociar. Isso desde o meu primeiro ano, dos vinte anos de presença nesta Casa. Agora, também acompanhei, com surpresa e muita curiosidade, que no início deste ano, quando o Prefeito Tarso Genro, curiosamente, interesseiramente, pediu para que o comércio abrisse em um domingo, só porque havia o Fórum Social, eu não ouvi nenhuma reação de ninguém do sindicato contrário a essa posição. E não ouvi nenhuma reação, de nenhum comerciário, ou de nenhum companheiro do PT a essa posição. Quando era para o Fórum, nenhum dos empresários que hoje estão contrários, chamados “micro” e coisa desse tipo, da Azenha, e por aí afora, nenhum se manifestou contrário ao pedido do Prefeito Tarso Genro. A partir daí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu comecei, gradualmente, a repensar a situação. É público e notório que votamos a favor do Projeto que tramitou nesta Casa, na Sessão da quarta-feira passada, inclusive fui substituído parcialmente pelo Ver. Roque Jacoby, num certo momento; retornei à Casa mais tarde. Quando houve a nova discussão, comecei a acompanhar a situação, porque dizia, inclusive, aos companheiros do PT, quando o Ver. Marcelo Danéris me consultava, ainda de madrugada, que depois prevíamos o veto. Pretendi, então, aprofundar um pouco a discussão.

Mas fiquei surpreso com um conjunto fantástico de mensagens que recebi da quarta-feira para cá, de comerciários, ou pelo menos de gente que assina como tal, pedindo que se vote a favor da abertura do comércio aos domingos. Tenho aqui tanto e-mails individuais, quanto e-mails grupais, e-mails coletivos, devidamente identificados, com os endereços e tudo. Assim, realmente comecei a pensar até que ponto essa discussão, efetivamente, circula entre os verdadeiros comerciários. Hoje, ao assistir aqui o conjunto de pessoas que nos visitam, dou-me conta de que, independente do mérito da questão posta, já decidida, sabemos o resultado da renovação de votação, poderia até me poupar de vir aqui falar, mas observei que tenho uma obrigação ética com o meu eleitor e com o registro histórico desta Sessão. Gostaria muito de poder ver a carteira de trabalho de cada um dos que aqui estão para saber quantos, de fato, são comerciários e quantos, de fato, aqui foram trazidos como convidados e que não têm nada a ver diretamente com a categoria dos comerciários. Porque a pergunta que não quer calar, Sr. Presidente ...

 

(Manifestações das galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito que façam silêncio. Há um orador na tribuna, a quem solicito o devido respeito.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: A pergunta que não quer calar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é: ou esses comerciários são todos funcionários dos comerciantes que não querem abrir e foram liberados pelos seus patrões ou, então, os patrões são muito bonzinhos e liberam seus funcionários para virem aqui expressar uma posição diferente da deles. Como não acredito em bondades desse tipo, só posso concluir uma coisa: aqui temos, sim, comerciários, que apesar de alguns mal-educados, porque não querem responder ...

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito às galerias que permaneçam em silêncio, respeitando o orador. Nesta Casa qualquer orador que se utilizar da tribuna terá desta Presidência a garantia da sua palavra. Solicito que todos permaneçam em silêncio para que o orador possa cumprir com o seu tempo.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vou repetir, Sr. Presidente, para ficar claramente registrado, porque, depois de vinte anos de história desta Casa, não serão alguns gritos que vão me amedrontar. Quero deixar registrado bem claro que, embora respeitando o direito dos comerciários colocarem-se contrários ao Projeto, através do seu sindicato, quero dizer que não sou tolo em acreditar que todos os que aqui estão são comerciários. É isso que quero deixar registrado, porque eu não acredito que os senhores todos estariam “matando” o serviço para estarem aqui. É bem simples; nós conhecemos a regra do jogo. Das duas uma: ou são pessoas que, infelizmente, estão sem a possibilidade de trabalhar, o que eu lamento, e acho que o Projeto ajudaria a resolver esse problema; ou são pessoas aposentadas; mas, olhando, visualmente, não parecem, por suas idades aparentes; ou são pessoas que foram trazidas com aqueles devidamente vinculados ao sindicato. Não há problema nenhum. Faz parte do jogo político de pressão. Eu só quero deixar o registro histórico para ficar bem claro que, apesar das posições divergentes, apesar dos respeitos diferentes que temos, também sabemos olhar e sabemos igualmente marcar posições.

Hoje eu mantenho o mesmo voto da semana passada. Acho que entre o interesse da cidade de Porto Alegre e, sobretudo, as manifestações desses e-mails que recebi, a nossa posição é de experimentar um pouco alguma coisa diferente, que propicie um novo patamar para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, distinto público que lota as galerias da Casa nesta manhã; evidentemente, o Ver. João Antonio Dib tem razão, quando disse que não havia o que se encaminhar. Inobstante, Vereadores, tendo a minha Bancada uma situação muito peculiar, não havendo coesão da Bancada neste particular, em função de que o nosso Líder partidário, Ver. Luiz Braz, que me permite, com a sua autorização, que eu venha à tribuna, tem uma posição diferente da minha, absolutamente diferente e transparentemente, anunciada, tanto que S. Ex.ª, mesmo informado de que se trata de uma posição que o Partido da Frente Liberal entende programática, inserida nos seus programas de trabalho, S. Ex.ª se declara impossibilitado de acompanhar o Partido neste particular, e é por nós compreendido e respeitado, o que não implica nenhuma alteração da nossa posição enquanto Partido e enquanto integrante desta Casa; aliás, seria chover no molhado se houvesse, Ver. João Antonio Dib, reafirmado, como V. Ex.ª tem reafirmado ao longo do tempo, uma posição que não é de hoje, que todos conhecem, e que nós, eu, V. Ex.ª e vários outros integrantes desta Casa, jamais passamos para quem quer que seja a menor possibilidade de entendê-la diversamente. Nada, absolutamente nada justifica que nós, em algum momento, tenhamos ensejado a quem quer que seja, especialmente àqueles que se batem mais ardorosamente contra o Projeto do Ver. Haroldo de Souza, e que, inclusive, lotam a Casa no dia de hoje, e lotam com todo o direito, na maior legitimidade, com o nosso respeito, mas que não teriam eles, com relação a nós, a menor possibilidade de ter alguma chance de entender que nós teríamos uma posição diversa do que aquela que estamos anunciando. É o que estamos fazendo, reafirmando posição, nós e vários outros integrantes da Casa que, tendo votado a favor da liberdade do comércio há alguns dias, hoje, iremos reafirmar o nosso voto, até porque entendemos que essa renovação de votação decorre de uma ilegalidade que poderá, a qualquer momento, ser levantada por quem se julgar prejudicado neste particular.

Por isso estou, em meu nome pessoal, como Presidente do PFL de Porto Alegre, dizendo que voto com o meu Partido, e voto com as minhas posições e com as minhas convicções. Entendo que é bom para a cidade de Porto Alegre que tenham os comerciantes a liberdade de abrirem ou não abrirem os seus estabelecimentos comerciais, porque eu fico surpreso que, apoiado pelos comerciários, o que se ouve da tribuna, daqueles que não querem a aprovação do Projeto do Ver. Haroldo de Souza, é exatamente um discurso em favor do pequeno e do médio comerciante. Fico surpreso com esse particular, fico surpreso que as pessoas entendam, por razões éticas, religiosas e morais, que o comércio não deva abrir e, ao mesmo tempo, sustentem como válida a manutenção de uma Lei que diz que o comércio pode abrir, sim senhor, desde que exista a chamada negociação coletiva e que se encontre um valor pelo qual se compense esse trabalho. Quer dizer: pagando, em última análise, pode; então, não tem nada de consciência, nem de programação, é transformar a relação entre comerciários e comerciantes apenas numa transação comercial.

Eu sustento que algumas pessoas, certamente, não entenderam o alcance do nosso Projeto, outras entenderam e não concordam com o seu alcance, porque defendem posições que – eu já disse – são legítimas, ainda que corporativistas, por que não? Por que o Sindicato dos Comerciários não pode defender as suas posições? Pode. Não são as minhas, mas ele pode. Na defesa dos princípio de liberdade, que eu defendo, eu defendo, principalmente, a liberdade das pessoas pensarem e agirem contra as minhas posições. Eu os respeito, nem reclamo que me respeitem, porque o maior respeito que tenho por mim mesmo é de afirmar coerentemente as minhas posições, de ver respeitadas as posições das pessoas que divergem de mim. Eu estou, mais do que nunca, convencido de que este Projeto é bom, que muitas pessoas não entenderam, outras entenderam e, por razões outras, até de competição comercial, não querem vê-lo aprovado. Eu continuo na minha posição de defender o consumidor. Votarei, mais uma vez, pela liberdade do comércio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar o art. 1.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores aqui presentes, em primeiro lugar, ressalto que a posição do meu Partido, o PMDB, é absolutamente dividida. Este Vereador tem posição firme, histórica e antiga pela liberdade da abertura, e o Ver. Sebastião Melo é contrário; então, estou encaminhando em meu nome pessoal.

Digo às senhoras e aos senhores que respeito, evidentemente, a posição de todos aqueles que pensam o contrário, e isso faz com que nós tenhamos de refletir, quando, aqui, de uma maneira muito justa, muito clara, os pequenos comerciantes tem um entendimento de que a liberdade da abertura poderia trazer um prejuízo aos seus negócios. Isso, evidentemente, é um reflexo, e esta reflexão em cima do reflexo da abertura, nós temos de fazer. Nós temos, quando votamos uma matéria da cidade de Porto Alegre, de avaliar, no seu conjunto, no seu macro, quais as influências positivas, quais as influências negativas naquele ato que nós, Vereadores, estamos exercendo, que é votar, o que poderá trazer em prejuízo a segmentos da sociedade.

Também aqui encontra-se o Sindicato dos Comerciários, absolutamente legítimo a uma postulação e uma posição que nós temos de entender e respeitar, que luta pelos direitos dos funcionários, dos empregados, dos comerciários, que evidentemente todos nós queremos que haja sempre uma concordância, um acerto, uma aproximação de interesses dos comerciantes e dos comerciários. Agora, eu, nesta discussão, quero entender o que predomina. Há posições aqui, das Sr.ªs e Srs. Vereadores, que são contrárias à abertura do comércio, e sustentadas, já ouvi dizer que “não, nós estamos defendendo em nome dos pequenos, dos micro, e dos médios comerciantes,” - é legítimo -, “mas, se for dado, se os empresários pagarem os valores que o Sindicato está entendendo que devam ser pagos, nós concordamos.” Veja bem, já me advertem, com muita razão, porque esta é a dúvida que eu tenho. Uma coisa absolutamente legítima: se tem a convicção que vai afetar segmentos do comércio, independentemente da possibilidade de acerto financeiro, tem de se manter esta posição. Porque nós temos que ver a visão de todo o conjunto econômico da cidade de Porto Alegre. Ora, se eu tivesse esse entendimento de que afeta diretamente, de que vai haver prejuízo e esse prejuízo é maior do que o benefício, evidentemente que eu seria contrário, independentemente de uma ação do Sindicato, ou dos empregados que pudessem acertar com os empresários viessem resolver, porque daí essa ação, o ajuste financeiro, estaria sobrepondo aquilo que eu entendo que é mais prejudicial à Cidade. Então, nisso eu tenho uma dificuldade de entendimento. Ou se tem um prejuízo para a sociedade, para a Cidade, para os comerciantes que geram empregos, geram impostos, e os pequenos, médios e os micros também geram e fazem isto - isso nós temos de entender -, ou se nós vamos olhar somente na questão dessa relação difícil, dura, histórica, antiga dos empresários com os empregados.

Também não podemos incentivar aqui que os empresários possam explorar os empregados. Mas não posso é estar jogando com as duas. Eu não posso estar dizendo que vai prejudicar os pequenos comerciantes, e os comerciários não estão dando os valores que os comerciários merecem, porque se derem os valores que os comerciários merecem, nós vamos votar pela abertura, e quem é que vai sustentar a posição dos pequenos e dos médios empresários? Isso me parece que é a grande dúvida.

Quando leio os cartazes afixados: “Vereador, o senhor abriria mão de sua família?” Evidentemente, que não. Nenhum de nós abre, e trabalhamos todos os dias. Por exemplo, na minha casa, a minha mulher trabalhou, durante quinze anos, sábados, domingos e feriados, Natais, pela sua atividade profissional; respeitei, é uma atividade importante para o conjunto da Cidade, trabalha na área da saúde; respeitei, e vivi, e sempre respeitei a sua posição profissional, respeitei a necessidade do trabalho e respeitei a minha família. Claro que isso é importante, mas não podemos generalizar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal o artigo 1.º do PLL n.º 089/02, solicitada pelo Ver. Estilac Xavier. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 11 votos SIM e 18 votos NÃO.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, há uma Declaração de Voto firmada por este Vereador, Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Fernando Záchia, Ver. Almerindo Filho e Ver. Paulo Brum. Encaminho à Mesa para, oportunamente, ser lida.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Será lida, imediatamente, Ver. Reginaldo Pujol: (Lê.)

“Declaração de Voto

Com o nosso voto, reafirmamos nossa anterior posição e coerentemente nos reportamos aos termos do recurso interposto pelo Ver. Reginaldo Pujol, quanto aos procedimentos que ensejaram a presente renovação de votação, a qual, a nosso juízo, é ilegal. Por tal razão, requeremos sejam incluídas em nossa Declaração de Voto as razões do recurso interposto, anexas presente, e que servem inclusive para precatar toda e qualquer ação que venhamos a intentar.

 

(aa) Ver. Reginaldo Pujol, Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Fernando Záchia, Ver. Almerindo Filho e Ver. Paulo Brum.”

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, indago a V. Ex.ª se esta Declaração de Voto não teria de ser entregue no final do processo de votação? Esta é a minha dúvida. Pode ser?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Na medida em que ocorreu a votação neste momento, imediatamente a Declaração de Voto é interposta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, solicitaríamos também a declaração de prejudicialidade da Emenda n.º 02, que altera o art. 1.º, uma vez que, não havendo mais artigo, não tem como ser alterada. Por gentileza.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Há plena concordância, não existindo mais o art. 1.º, a Lei perdeu o objeto. O restante da votação, no nosso entendimento, de acordo com Legislação Federal, é despicienda, desnecessária e absolutamente protelatória.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, o meu Requerimento diverge da opinião do Ver. Reginaldo Pujol, porque a votação rejeitou, mas há o art. 2.º, 3.º e 4.º. O art. 4.º revoga a Lei, se revogasse e mantivesse o artigo. Então, nós achamos que é bom que se faça toda a votação, artigo por artigo, para que se conclua todo o processo.

 

O SR. NEREU D'AVILA: Só para ratificar que foi uma longa discussão, que V. Ex.ª dirimiu com grande tranqüilidade e com argumentos sólidos, na Sessão anterior, o esclarecimento a respeito do que estava sendo pedido para ser renovada a votação. E ficou muito claro que a renovação abrangia todos os artigos. Evidentemente, com as prejudicialidades, como a rejeição deste artigo 1.º, que foi feita agora, prejudicou a expressão destacada “domingos e feriados”. Agora, é evidente que ficou claro e jurisprudenciado nesta Casa que seriam votados os demais artigos com as prejudicialidades conseqüentes. Portanto, no nosso entendimento, não prosperará esta situação ou requerimento de somente renovar o artigo 1.º. Terá de ser renovado todo o Projeto, salvo melhor juízo.

 

O SR. RAUL CARRION: Muito brevemente. A decisão de V. Ex.ª foi clara, vota-se o principal e os acessórios. Votou-se o principal, falta votar os acessórios. Muito obrigado.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, para colaborar com a Mesa, pode-se tranqüilamente acordar que se vote os artigos 2.º, 3.º e 4.º em bloco, já que são artigos que envolvem técnicas de processo legislativo. Não haveria prejuízo nenhum se votarmos todos em bloco, e resolve-se o problema de forma absolutamente tranqüila.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, no entendimento desta Presidência, respeitando-se as divergências quanto ao assunto, cada um dos artigos é absolutamente autônomo, porque tem mérito quanto ao funcionamento do comércio aos domingos. Como exemplo: no artigo 2.º, nós não estamos tratando mais da abertura do comércio aos domingos, nós estamos tratando, sim, de turnos de trabalho, que podem acontecer com ou sem abertura do comércio aos domingos. Então, o artigo 2.º tem uma independência absoluta em relação ao artigo 1.º.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, só para que isso não se torne uma jurisprudência aqui nesta Casa, nós sabemos que, em toda a legislação, o artigo 1.º é quem dá o comando para toda a Lei. Então, eu até pediria para V. Ex.ª que pudesse providenciar junto à Procuradoria da Casa, e também junto à Comissão de Justiça, quem sabe um parecer a respeito deste assunto, independente daquilo que V. Ex.ª vai decidir agora, porque nós temos que nortear votações futuras, e para este Vereador, o artigo 1.º sempre dá o comando da Lei; quando rejeitado o art. 1.º, não existe mais, na verdade, o objeto.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Luiz Braz, data venia, esta Presidência discorda frontalmente da sua posição, aliás, voltando a assumir uma posição que esta Presidência já teve em Sessão anterior. Nós estamos tratando de um Projeto de Lei com apenas quatro artigos. Mas, se estivéssemos tratando do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, onde mais de duzentos artigos constavam, a simples rejeição do art. 1.º não significaria a rejeição de todo o restante do Projeto de Lei. Por quê? Porque, infelizmente, no meu entendimento, esta Casa tem um Regimento completamente anômalo, em relação a todo o processo legislativo brasileiro. O processo legislativo brasileiro, nas demais câmaras municipais, nas assembléias legislativas, no Congresso Nacional, pressupõe que, inicialmente, o Plenário vote o projeto de lei na sua globalidade, na sua integralidade, para depois votar os destaques e as emendas a ele alocadas. Criou-se aqui – e não vou entrar no mérito, porque não participei desse processo – algo absolutamente novo, que permite a votação de artigo por artigo. O que isso significa? Que, na verdade, a votação artigo por artigo dá a cada artigo a mesma relevância, e não compete ao Presidente entrar no mérito de cada um dos artigos ali esposados. Por isso o entendimento desta Presidência é de que, enquanto não modificarmos o Regimento – e acho que temos de tratar disso rapidamente -, teremos de cumprir o ritual de acordo com a votação devidamente expressada.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu não pretendo dialogar com V. Ex.ª, nem pôr em dúvida a correção com que V. Ex.ª está conduzindo. Eu apenas quero fazer um alertamento. Esse art. 2.º é dependente do art. 1.º, porque o que fica estabelecido no art. 1.º se regula pelo art. 2.º. Se o 1.º não existe, o 2.º está naturalmente prejudicado, Sr. Presidente, isso sem discutir algumas outras situações. Mas, no caso absolutamente prático, concreto, o que o art. 2.º está dizendo é que o funcionamento, previsto no art. 1.º, que está afastado pela decisão que a Casa tomou, se daria nessas condições, em respeito à CLT, etc. Já na votação se entendeu que isso era despiciendo. Agora, com uma razão, está regulando o que não existe. Então, votar o art. 2.º é absolutamente inconsistente! O argumento poderia até prevalecer com relação ao art. 4.º, contrário ao nosso, mas, com relação ao art. 2.º, é absoluta perda de tempo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, quero concordar com V. Ex.ª: pode ser votado o art. 2.º, sem dúvida nenhuma, mas quero apelar para que ele seja votado sem encaminhamentos, porque já sabemos todos os resultados. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Informamos aos Srs. Vereadores e às Sr.ªs Vereadores que esta Presidência já decidiu. Esta Presidência foi flexível, ouvindo o Ver. Reginaldo Pujol, o Ver. João Antonio Dib, mas, para não fazermos aquilo que todos não gostaríamos que acontecesse, que é postergarmos a decisão, vou colocar em renovação de votação o art. 2.º, de imediato. (Pausa.)

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o art. 2.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aprovar ou não o art. 2.º, depois que a Casa decidiu não aprovar o art. 1º, é a mesma coisa. O art. 2.º, sozinho, não vai vigorar; sozinho, não tem condições de se estabelecer. A lei estabelece que o comando do projeto está no seu art. 1.º, que diz o que o projeto pretende alcançar. Há lei federal que regula a matéria neste particular. Isso é absolutamente correto. Estamos cometendo um equívoco, respeitosamente alerto que estamos cometendo um equívoco, porque não posso aprovar um artigo de uma lei que diz que o funcionamento previsto no art. 1.º, que foi derrotado, que não existe mais, se dará desta ou daquela forma. Por isso estou até tomando tempo da Casa, sei que a Casa está querendo acelerar este processo, vê-lo resolvido de forma definitiva, mas preciso fazer este alerta. As coisas podem não se decidir, e só no dia de hoje podem ocorrer outras situações. Derrogado que foi o art. 1.º, está contaminado o restante da lei e, muito especialmente, o seu art. 2.º. Muito especialmente. Se puder ter alguma dúvida sobre o art. 4.º, sobre o 2.º, eu não tenho dúvida nenhuma. Pergunto: em que vai dar, na prática, se, por acaso - por argumento apenas eu expresso -, a Casa decidir que vai aprovar o art. 2.º? O que acontece, na prática, se o art. 1.º, que o condicionava, não existe mais? Se, inclusive, na ocasião, foi dito aqui - quando essa matéria foi derrotada na primeira ocasião, era a única situação que tinha condição legal de ser renovada - que “não vamos votar, que as pessoas têm de respeitar a CLT, porque isso é óbvio, etc.”. Nós dizíamos isso, que funcionaria por tudo e tínhamos uma Emenda do Ver. Fernando Záchia, retirando a expressão “tudo”, porque “tudo” se aplica para indústria e não para o comércio. Por isso, Sr. Presidente, eu faço este alerta: votar “sim” ou “não” nesta matéria é a mesma coisa. Este artigo, se vier a ser aprovado, vai ficar no ar, sem razão nenhuma. Então, diante desse quadro, nós sustentamos a coerência que seria não votá-lo, dá-lo como prejudicado pela rejeição do art. 1.º, mas, já que o entendimento foi diverso, eu deixo este alerta: votem do jeito que quiserem, porque, qualquer que seja a decisão da Casa com relação ao art. 2.º, efeito nenhum ele irá produzir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar o art. 2.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, ouvi atentamente a fala do Ver. Reginaldo Pujol, mas acho importante, neste momento - que é momento decisivo, no qual surgiram tantas dúvidas - que nós possamos sair daqui, hoje, sem dúvidas, que possamos votar item por item e que todos eles sejam derrubados, para não ficar mais dúvida e para que os comerciários tenham a garantia da não-aprovação da abertura do comércio aos domingos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o art. 2.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, não vamos usar o tempo total de cinco minutos. Até havia um certo acordo de que só encaminhássemos o art. 1.º, mas nós nos obrigamos, a partir do momento em que o nosso colega, Ver. Reginaldo Pujol usou da tribuna para falar na questão da legalidade ou da ilegalidade, a reforçar, em nome da Bancada, a decisão do Presidente desta Casa, Ver. José Fortunati, porque, notem, senhores e senhoras, que não estamos tratando aqui de qualquer matéria legislativa, nós estamos tratando aqui de uma matéria legislativa, Ver. João Antonio Dib, que tem decisão na vida de milhares de trabalhadores, na vida de milhares de famílias desta Cidade e na própria organização da Cidade. Veja bem, Ver. João Antonio Dib, que gosta, mesmo como engenheiro, de legalidades: hoje vige a Lei n.º 7.109, que, de forma correta, regula as relações entre o sindicato patronal e o sindicato dos empregados. Vejam bem, esta Lei n.º 7.109, em momento algum, trata da redação que é dada pelo art. 2.º do Projeto, que diz: “O funcionamento do comércio será estabelecido em turnos, observada a jornada de trabalho prevista na Constituição Federal e na Consolidação das Leis do Trabalho.” A não-votação deste artigo, caro Roberto, geraria uma ilegalidade e poderia permitir que o sindicato patronal ingressasse com um pedido de anulação de votação. Por que digo isso? Porque a atual lei não possui esse texto, e se, por acaso, ele não fosse votado, poderia ser argüido que ele deveria ter sido votado, porque alteraria a lei, independentemente de rejeitarmos este artigo, poderia gerar aí uma nulidade que poderia, por intermédio do Poder Judiciário, anular todo o nosso trabalho e de novo trazer intranqüilidade à categoria dos comerciários e a toda Cidade.

Então, age bem o Presidente, e esta é a nossa posição: colocar em votação, sim, porque, a não-colocação em votação, geraria uma grave e insanável nulidade. Age bem esta Câmara, e nós não vamos deixar nenhum espaço para aqueles que querem retirar o descanso dos trabalhadores aos domingos e feriados, possibilidade de mudar uma decisão que é hoje hegemônica, majoritária, nesta Câmara Municipal, por intermédio de outros instrumentos. Vamos votar tudo, sim, e a maioria, quem tiver a posição correta em relação à Cidade, em relação ao desenvolvimento da atividade econômica e em relação aos trabalhadores, vai vencer ao final do dia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o art. 2.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, depois de suscitadas questões pertinentes a votar ou não, é necessário que se esclareça o público que aqui está e, principalmente, o público que nos assiste em casa e fica perplexo porque não entende o processo de votação. Então é necessário ser didático. Vejamos bem: primeiro, poderia não ser renovada esta votação; poderia, sim, se tivéssemos dezoito votos. Se nós tivéssemos maioria, poderia não renovar a votação e, não renovando, o que ficaria? Ficaria o art. 1.º, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos, já derrubado, não existe mais. Eu só estou dizendo: se não tivesse sido renovada a votação, ficaria – repito – o art. 1.º: fica autorizada a abertura do comércio aos domingos e feriados. E o art. 4º, se não fosse, como foi, derrotado na outra vez e está para ser renovada a sua votação hoje, como ficaria a Lei? Ficaria completamente contraditória, ficaria completamente absurda, porque, no art. 1.º, autorizava a abertura do comércio e no art. 4.º, não, revogando a Lei atual, só permitiria se houvesse acordo. E, então, o que aconteceria? Os tribunais teriam que dirimir as dúvidas.

Portanto, não vamos agora, por questões de dois, três minutos a mais, nos perdermos num detalhe de absoluta importância, ou seja, o que custa votarmos o art. 2.º? O art. 1.º, já derrotado, prejudicou três Destaques. O art. 2.º, que será votado agora e tem de ser votado, derrogará a Emenda n.º 1, e assim por diante.

Nós não podemos dar vezo, dar oportunidade a que fiquem dúvidas para, depois, os tribunais, meses ou anos a fio, discutirem se pode ou não pode.

Por isso, esta Câmara tem responsabilidade com a população e já que está votando matéria desta importância, já que conseguiu, na renovação, derrogar o que seria contraditório, o bom senso, a lógica jurídica manda: vota-se tudo para aprovar ou derrotar. Mas a população que se tranqüilize, esta Casa não dará dubiedade, porque ela tem responsabilidade e, por isso, irá votar plenamente consciente da sua responsabilidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o art. 2.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, comerciários e comerciárias, trabalhadores que, há algumas Sessões, acompanham esta matéria relevante para a cidade de Porto Alegre.

Agiu bem o Presidente, já que esta matéria dá dupla interpretação, e, na possibilidade de dupla interpretação, o Presidente, cautelosamente, entendeu que deveria renovar artigo por artigo. Então, portanto, eu acho que é uma decisão, Sr. Presidente, acertada, para que não tenhamos tropeços, amanhã ou depois, sobre esta matéria.

Mas eu queria recuperar, até porque nós, neste processo de renovação, não tínhamos nos manifestado sobre esta matéria. A primeira questão que quero expressar aqui é a seguinte: é que nós temos profundo respeito por aqueles que pensam diferente de nós, qual sejam os companheiros Vereadores que têm o entendimento de que o comércio deve abrir aos domingos. São posições políticas respeitáveis, que foram construídas ao longo de suas militâncias, seja neste Parlamento ou não. Então, portanto, nós respeitamos essas posições.

Nós temos uma posição muito clara, desde o início do nosso mandato, porque aqui apreciamos, já no Governo anterior, do Raul Pont, quando havia vetado uma Lei aprovada por esta Casa, de autoria do Ver. Hélio Corbellini e outros, esta matéria, que tinha sido aprovada e a nova Legislatura vem apreciar o Veto desta matéria. E desde aquele momento, mas não desde aquele momento, antes mesmo de tornar-me Vereador, nós tínhamos posição sobre esta matéria e nos elegemos também com posição sobre esta questão. (Palmas.)

Portanto, a nossa decisão está esteada em duas questões básicas. Primeiro, há um grande equívoco daqueles que defendem a abertura do comércio dizendo que vai dar mais emprego para a cidade de Porto Alegre. Nós não estamos convencidos disso, porque as experiências que temos examinado – e os dados são muito empíricos, mas eles existem – nos dão conta de que alguns empregos podem ser, efetivamente, abertos nos shoppings, mas que empregos já constituídos acabam, nos bairros de Porto Alegre, evidentemente, perdendo os seus postos.

O segundo equívoco que eu acho, na defesa daqueles que defendem a abertura do comércio, é dizer que isso está relacionado com a liberdade de comércio. Eu acho que não tem nada a ver liberdade de comércio com a abertura de comércio. São duas coisas completamente diferenciadas e que devem ser separadas.

A terceira questão que quero destacar, além da defesa inarredável dos direitos dos trabalhadores comerciários - que são figuras que constituem hoje setenta mil na nossa Capital, que trabalham com muito afinco e têm o respeito não só dos Vereadores, mas de toda a população, pelo extraordinário serviço que prestam a esta Cidade - mas, há uma outra questão que não é menos importante. O comércio de rua, especialmente o pequeno comércio, vem sofrendo, meus queridos comerciários, muitos, evidentemente, vêm sofrendo, ao longo dessa caminhada, muitas defecções. É com a segurança pública, é com o estacionamento, com os altos impostos e tantas outras questões.

Ora, o que aumenta o poder de compra do cidadão não é alargar o dia da compra, mas é aumentar o salário mínimo, que é de 200 reais para 400 reais ou para 500 reais. O que vai aumentar o poder de compra é aumentar o poder aquisitivo do cidadão brasileiro, que vive hoje quase na absoluta miséria.

Portanto, o máximo que pode haver, mudando a venda para os domingos, é mudar o pico da venda, mas não aumentar a venda. E se nós procedermos desta forma, meus queridos Vereadores, o que vai acontecer é um deslocamento de compra daqueles que comprariam nos bairros, que vão comprar nas lojas do shopping center dos grandes patrões e dos grandes empreendimentos. E os pequenos da Av. Azenha, os pequenos da Av. Wenceslau Escobar, os pequenos da Av. Assis Brasil e os pequenos e mais pequenos dos oito mil pontos desta Cidade serão também grandes prejudicados, e não só os comerciários, razão pela qual nós temos muita convicção ao dizer “não” a este Projeto, dizer “sim” aos trabalhadores do comércio e dizer “sim” aos pequenos comerciantes, porque nós temos um lado, nós sempre defendemos na advocacia, na militância política, e, hoje, no exercício da vereança, temos convicção disso. Por isso nós queremos dizer “não” ao Projeto encaminhado e “sim” aos trabalhadores e “sim” aos pequenos comerciantes. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, por solicitação do Ver. Zé Valdir, o art. 2.º do PLL n.º 089/02. (Após apuração nominal.) REJEITADO por 18 votos NÃO e 06 ABSTENÇÕES.

Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, manda a boa técnica legislativa que o art. 3.º fosse apreciado sempre por último. Equivocadamente, o autor do Projeto o colocou em terceiro lugar. Proponho, para que possamos, de uma forma razoável, analisar o que realmente interessa nesse Projeto, que passemos à análise do art. 4.º do PLL n.º 089/02. Havendo a concordância, passamos à renovação de votação do art. 4.º do PLL n.º 089/02.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é quase repetir o que já disse anteriormente. Essa lei não existe mais, pelo menos pela vontade da Casa. Ao decidir contrariamente ao art. 1.º, a Lei ficou esvaziada, por isso me abstive na votação anterior. Agora, inclusive, tendo a decisão anterior decidido pela manutenção da Lei hoje vigorante, essa decisão foi tomada por mais de quatro votos de diferença. Então, essa Lei tem que continuar em vigor.

Honestamente, nessa altura do jogo, se não tem outra lei, até quero que essa continue em vigor, por que não? Acho que diante do nada, a Lei é um avanço. A Lei permite a abertura do comércio em várias circunstâncias, veda em algumas. O grande defeito dessa Lei, no meu modo de entender, é que ela começa pela lógica errada, começa proibindo e, depois, abre várias possibilidades de abertura e, até, se houver a negociação com o Sindicato, ela pode-se transformar plena. É uma questão de acertar o preço que o Sindicato quer para que o comércio funcione aos domingos. Acertado isso, está resolvido o problema, como ocorreu em várias outras situações. Eu continuo batendo na tecla de que não há necessidade de continuar em votação. A matéria se decidiu no momento em que o art. 1.º foi derrubado, não há mais nada para votar. Querem continuar votando? Podem continuar votando. Eu vou continuar me abstendo, porque o lógico é continuar-se abstendo nisso. Não há mais o que decidir. A decisão já foi tomada. Vai mais uma vez o Ver. Reginaldo Pujol votar pela abstenção, porque não deixa de votar, mas não pode ver conseqüência no voto que vamos dar agora.

Mesmo que viéssemos a decidir o contrário, até criaríamos uma situação absolutamente ilógica. Essa matéria foi decidida na Casa, há alguns dias, por dezessete votos a onze votos. Não há como se renovar essa votação. É uma ilegalidade que estamos fazendo nessa renovação. E, além de ser uma ilegalidade, é uma inconseqüência. Como nós não aprovamos o art. 1.º, se viéssemos, por absurdo, a aprovar o 4.º, ficaria sem lei alguma. Nada regularia. E nós sustentamos que esta Casa tem de legislar sobre a matéria. Convenientemente, legislar de acordo com o que entendemos. Quando nós somos derrotados, nós somos absolutamente coerentes dentro da nossa vocação democrática. Perder é uma conseqüência de quem tem posição. Eu não estou atirando a toalha. A luta continua, sim senhor. Um dia Porto Alegre vai ter liberdade de comércio, e não é votando aqui essa matéria que vamos resolver essa situação. Essa votação é absolutamente desnecessária. Por isso, o Ver. Reginaldo Pujol, que é pela abertura do comércio, votará pela abstenção, porque não vê conseqüência nessa votação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, por solicitação do Ver. Estilac Xavier, o art. 4.º do PLL n.º 089/02. (Após a apuração nominal.) REJEITADO o art. 4.º do PLL n.º 089/02 por 18 votos NÃO e 04 ABSTENÇÕES.

Conseqüentemente, todo o Projeto foi votado. Dou por encerrada a votação do PLL n.º 089/02. O art. 3.º está devidamente prejudicado.

Declaração de Voto apresentada pelo Ver. João Antonio Dib. (Lê.)

“Declaração de Voto

A nossa Bancada deixou de votar os artigos 2.º, 3.º e 4.º por entender que não havia o que votar, o Projeto já estava rejeitado. Saúde e Paz!

(a)    Ver. João Antonio Dib.”

(b)    

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA (Questão de Ordem): Eu só não sei se há Declaração de Voto, porque, na realidade, a Bancada do PPB não votou, não sei se pode ser apregoada a leitura de algo que não foi votado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Carlos Alberto Garcia, esta Presidência já fez a leitura da Declaração de Voto, já está incorporada aos Anais. Não vamos criar uma polêmica em torno de algo que não merece.

Vamos deixar claro a todos para não aqui começarmos a polemizar sobre algo que não existe.

Com a rejeição dos artigos 1.º, 2.º e 4.º, automaticamente o artigo 3.º deixa de existir, porque simplesmente diz o seguinte, até para conhecimento geral: “Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.” Com a derrubada dos três artigos, obviamente que esse artigo deixa de ter qualquer validade. Conseqüentemente, todas as emendas, todas as subemendas, todos os destaques também deixam de existir.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, ainda que o douto ilustrado e 1.º Vice-Presidente da Casa tenha dito que não valia a declaração feita por este Vereador, em nome de sua Bancada, devo dizer que o Regimento diz que se não houver razões para não votar o Vereador será considerado ausente. Nós quatro Vereadores estávamos aqui e tínhamos de dizer por que não votamos.

 

 O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. João Antonio Dib, esta Presidência já havia acolhido a sua Declaração de Voto e por isso a polêmica não persiste.

Passamos, de imediato, à discussão geral do Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 006/00, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, que inclui parágrafo único...

Desculpem, há um Requerimento anterior. Esta Presidência estava se esquecendo de que, antes, temos de votar o PDL n.º 001/02, de autoria do Ver. João Antonio Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0949/02 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 001/02, de autoria do Ver. João Antonio Dib e outros, que susta os Decretos n.ºs 13.650, de 27 de fevereiro de 2002, 13.651, de 27 de fevereiro de 2002 e 13.652, de 27 de fevereiro de 2002 e seus efeitos. Urgência.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CEFOR, CUTHAB e CEDECONDH. Relator-Geral Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- discutiram a matéria, em 12-06-02, os Vereadores S.Melo e J.Pinheiro.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o PDL n.º 001/02. (Pausa.) O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Peço que V. Ex.ª diga o nome dos Vereadores que já discutiram a matéria.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Até o momento, discutiram as matéria os seguintes Vereadores: Sebastião Melo e Juarez Pinheiro, somente.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): O Ver. Juarez Pinheiro agora volta à tribuna...?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em nome do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, numa manhã tão memorável com a vitória da luta dos trabalhadores que não têm “precarizadas” as suas relações de trabalho, nós passamos agora a nos debruçar também sobre matéria de grande interesse e importância para a cidade de Porto Alegre. Nós passamos a tratar agora, tendo em vista uma iniciativa do nobre Ver. João Antonio Dib, da saúde da população. Ao fim e ao cabo, é disso que estamos tratando.

O Ver. João Antonio Dib tem como objetivo, através de um decreto do Poder Legislativo - uma medida de força -, tornar sem efeito um ato tomado pelo Poder Executivo que, em cumprimento à lei que ordena o funcionamento do DMAE, determina, de forma absolutamente clara, que aquela autarquia tenha condições, no mínimo, de investir 25% do seu Orçamento para que a qualidade da água do nosso DMAE seja mantida, o que significa a manutenção da saúde da população. Eu já disse aqui outro dia, quando intervim nesta matéria, que há pesquisas que dizem que, cada real que nós venhamos a investir em saúde, em dez anos, rende 50 vezes mais. Estou falando aqui em saúde e saneamento, Ver. João Dib. De outra parte, há pesquisas, nobre Ver. João Dib, que deixam claro que 70% das moléstias que são contraídas pela população são devidas principalmente à falta de saneamento. Portanto, a iniciativa do Governo, além de cumprir o que diz a Lei - possibilidade de investimento de, no mínimo, 25% -, é absolutamente legal, absolutamente constitucional.

Uma medida de força, utilizada por um Poder contra o outro, como propõe o Ver. João Dib, é uma coisa muito séria. A harmonia entre os Poderes deve ser a todo custo mantida, porque disso resulta a tranqüilidade da própria população, seja na Cidade, seja no Estado, seja no País. O Ver. João Dib, utilizando-se de uma maioria parlamentar, propõe que, por um decreto decidido pelo Poder Legislativo, aquilo que foi decidido pelo Executivo seja tornado sem efeito. Eu estive pessoalmente com o Ver. João Dib e o alertei de que uma medida dessas só poderia ser tomada se o Poder Executivo tivesse desrespeitado o Poder Legislativo, ou seja, tivesse exorbitado da sua capacidade de regulamentar. Toda a Legislação é absolutamente clara em nível nacional, a doutrina, a jurisprudência: de que tarifa, de que preço público, Ver. Estilac Xavier, é da competência privativa, exclusiva, do Poder Executivo. Não tem a Câmara de Vereadores, em função do ordenamento constitucional e legal do País, condições de fazer com que matérias desta espécie, deste jaez, sejam da competência do Poder Legislativo, na sua iniciativa.

Caro Ver. João Dib, o Poder Judiciário, em duas medidas judiciais propostas pelo nobre Ver. Sebastião Melo, já disse que o realinhamento feito na tarifa é absolutamente legal, é absolutamente constitucional; portanto, eu entendo, nobre Vereador, que a sua matéria, quanto ao mérito, não tem cabimento e quanto à sua legalidade tem menos ainda. Porque já foi decidido por quem, Ver. João Dib, tem a capacidade de dizer o direito que o Poder Executivo não foi além da sua capacidade de regulamentar. Isso já foi dito em duas decisões judiciais, e não em sede de medida liminar, mas em sede final, por sentença em nível de primeiro grau.

Portanto, o Ver. Luiz Braz, que tem defendido aqui a alteração de que a cobrança do DMAE não seja uma tarifa – um preço público - e sim uma taxa, não pode, neste momento, contradizer-se. Hoje, ela é um preço público, é uma tarifa, e não uma taxa; portanto, a competência é do Poder Executivo, e o Poder Judiciário deixou absolutamente claro, através de decisão de mérito, que não houve extrapolamento da possibilidade de regulamentar do Poder Executivo.

Portanto, é uma matéria que nasce morta, que não colabora, acredito, nem na questão do fortalecimento do DMAE, para que continue tendo a qualidade que já teve, inclusive quando o Ver. João Dib foi o seu diretor, e um grande diretor. Por isso, o Ver. Dib sabe da importância de manter aquela autarquia com condições de investimento e cuidando da saúde e do saneamento básico, como tem cuidado ao longo dos anos, Ver. João Dib, independentemente do partido que esteja momentaneamente ocupando o Paço Municipal.

Por fim, Ver. Luiz Braz, havendo uma decisão do Poder Judiciário, por meio de uma sentença, de que o Executivo não extrapolou, entendo que o Poder Legislativo, a nossa Câmara de Vereadores comete o grande equívoco de afrontar uma competência do Poder Executivo e também de afrontar o próprio Poder Judiciário, o que não é da característica do Ver. João Dib. Até me deixa um pouco perplexo ele manter a sua posição. Quando o fez, era legítima, porque não havia manifestação do Poder Judiciário; hoje já existe manifestação, e, portanto, esta matéria sequer poderia estar, neste momento, sendo apreciada no que tange à sua legalidade, à sua constitucionalidade.

O debate de mérito é um debate importante. O próprio Ver. João Dib já me deixa clara a importância de que aquela autarquia tenha condições de investimento, como teve quando ele foi o seu diretor. E entende ele que, independentemente do partido que lá esteja, essas condições devem ser mantidas, para o benefício geral da população da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02, por cessão de tempo do Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício, Ver. Carlos Alberto Garcia, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu pincei da fala do nobre Ver. Juarez Pinheiro, que sublinhou, gizou, dizendo que fere a autonomia dos Poderes este Projeto de Decreto Legislativo. Ver. Juarez Pinheiro, eu vejo o inverso: feriu a autonomia dos Poderes aquele que exacerbou do poder que tinha para reajustar a tarifa da água. A Lei n.º 250, clara, cristalina, meridiana, diz que o Sr. Prefeito estava autorizado até o limite do IGPM. Ele podia não chegar ao limite, ele podia dar 50% do IGPM por mês, era uma faculdade que ele tinha, mas o limite que ele tinha era o IGPM. Mas o Prefeito, que tem um discurso de radicalização da democracia, foi o Prefeito que mais governou por decreto. Só no ano de 2001 editou 256 milhões de reais de suplementação de verbas na cidade de Porto Alegre, bem verdade, autorizadas por essa Casa. Autorizadas por essa Casa, lamentavelmente, tristemente!

Pois bem, eu acho que, na verdade, esse Decreto ele deve ter assinado em Santa Cruz do Sul, em Cachoeirinha, em Gravataí, porque ele passou praticamente o ano todo fazendo campanha para ser candidato a Governador, e alguém deve ter levado o Decreto para ele no dia da autorização do aumento, fora de Porto Alegre. Mas a questão, Ver. João Antônio Dib, é a seguinte: esta Casa é que foi afrontada, Ver. Reginaldo Pujol, esta Casa é que foi vilipendiada, porque, quando o Prefeito extrapola aquilo que o outro Poder determina, quem está violando a Lei não é esta Casa; esta Casa está corrigindo a sua autonomia e recolocando nos trilhos aquilo que o Prefeito não podia fazer.

E aqui há outro equívoco do nobre Ver. Juarez Pinheiro. Ver. Juarez Pinheiro, eu não sei se os 30% estão corretos, se os 27%, eu não estou discutindo o mérito da matéria, eu não sei se eu votaria. Tanto é que esta Casa, em 1992, autorizou, além da inflação, 37%, eu não estou dizendo que eu não autorizaria, o meu voto seria favorável. Eu estou discutindo é o procedimento. Eu tenho o entendimento, salvo melhor juízo, de que o Prefeito não podia fazer, e o Prefeito fez. E, para abrilhantar o seu aparte, eu vou dizer que V. Ex.ª leu a decisão, eu também a li e eu também já recorri dela. Ao mandado de segurança impetrado por este Vereador, o Juiz da 4.ª Vara da Fazenda Pública disse que ele não entrou, ele foi superficialmente, no mérito e disse que o remédio jurídico para atacar essa matéria não era o mandado de segurança, do que eu discordo de V. Ex.ª e do meritíssimo. Portanto, já ataquei em fase recursal essa matéria, alegando em preliminar essa questão. Agora, se é mandado de segurança, ele deu a entender que pudesse ser uma ADIN: “Ah, pode ser uma ADIN, portanto não é o remédio”, mas ele não adentrou, ele passou na superfície sobre essa questão do mérito da matéria. Então, não há trânsito em julgado da matéria, mas, mesmo que houvesse, e V. Ex.ª, que é um brilhante legislador, que é um extraordinário advogado, dos mais competentes desta Comarca e arredores, sabe que, mesmo que houvesse decisão, não interferiria numa decisão do Legislativo que não está ad stricto ao julgamento do Judiciário sobre essa matéria. Portanto, Ver. João Antonio Dib, que eu tive muito prazer em ajudar a elaborar e assinar este Decreto Legislativo, liderado por V. Ex.ª, ele precisa ser votado em nome da cidadania.

E quando nós olhamos os jornais pela segunda vez consecutiva trazerem a notícia de que a maior inflação, Ver. Reginaldo Pujol, nos últimos dois meses, é a da Capital do Rio Grande do Sul, aí, nós vamos ver o porquê. É porque 1.096% na tarifa d’água atinge a inflação, porque 16% na tarifa do ônibus, que deveria ser 10%, mas como há uma aliança sintonizada do Governo com os donos de ônibus, eles andam de mãos dadas, parecem aqueles namorados na Rua da Praia, aliançados nos seus interesses. Os trabalhadores, não. Portanto, nós queremos dizer que em boa hora esse Decreto tem que ser votado, tem que ser desconstituído o aumento. O Prefeito que mande a planilha para cá, como mandou os cargos do DMAE, que até foram votados meio de afogadilho, que nós vamos discutir. Se for necessário, vamos convocar emergencialmente. O que não se pode fazer é desrespeitar uma lei que esta Casa votou pela sua maioria, pela sua plenitude. Portanto, isso não fortalece a democracia. Radicalizar a democracia, Sr. Presidente, não é no discurso. O Prefeito renunciante tem um belo discurso, um discurso afável, bonitaço, mas, na prática, ele é como Fernando Henrique, adora as medidas provisórias, adora os decretos-lei, adora caneta, e tenho certeza que esse Decreto não foi assinado em Porto Alegre, porque ele estava em campanha, mas ele atacou diretamente o bolso do trabalhador de Porto Alegre, quando já estava pensando no Piratini – aliás, agora está pensando na ONU e não está pensando mais no Governo do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa há pouco estava lotada, e os discursos aqui da tribuna eram de defesa do comerciário, de defesa daquilo que seria o sagrado direito de estar em casa com a família aos domingos, e tudo o mais que se ouviu. Agora, passou o assunto do comércio, e eu fico surpreso que aquelas pessoas que queriam proteger os comerciários, agora não querem proteger os usuários do sistema de água em Porto Alegre, que são quatrocentas e cinqüenta mil pessoas, chefes de famílias, mulheres, homens. Aquelas mulheres que tinham de ficar com o filho no colo aos domingos precisam de água para que os filhos possam crescer dignamente. E é muito difícil que isso ocorra, se continuar essa política altamente desqualificada que o Município exercita, de impor à população esses tarifaços, através de canetaços, que lhes geram prejuízos enormes.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na realidade, temos de entender o que está acontecendo aqui neste Plenário. Na realidade, o Partido dos Trabalhadores e a base de sustentação desse Governo que está aí, e que eu acho que é o seu último período, tudo isso foi pano de fundo para tentarem inviabilizar grandes projetos de interesse da Cidade. Um deles é esse de autoria do Ver. João Antonio Dib, que acaba com esse absurdo aumento de água, aumento real, acima da inflação. Veja V. Ex.ª, isso é uma violência! Lamentamos que hoje não se possa votar aqui, porque muitos daqueles que sustentaram a defesa dos interesses dos trabalhadores neste momento se ausentam e não nos permitem que votemos essa importante matéria. Há dois ou três Vereadores do PT e não adianta ficar de nhenhenhém.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Vereadores, eu quero dizer honestamente que eu não vou voltar a remoer situações passadas. Quando se decidiu priorizar o comércio, hoje, e foi um concerto de Lideranças, se disse claramente que não iria se votar, hoje, o Projeto do Ver. João Antonio Dib.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para registrar que a Bancada do PT, além de estar presente, está comprometida com a votação dos projetos, hoje.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: A discussão não é por aí. A discussão é a seguinte: nós precisamos, Ver. Sebastião Melo - e fico muito tranqüilo, porque agora estamos lado a lado -, primeiro, defender a prerrogativa deste Legislativo, que se quer impugnar. Temos o direito e o dever de sustar esses decretos, porque está dentro da nossa competência, e porque isso favorece a comunidade, os usuários do sistema de água de Porto Alegre. Por outro lado, temos de trazer toda nossa gente aqui, a nossa gente, que realmente defende os consumidores e usuários, para votar, segunda-feira, penso eu, vejo que não dá para ser hoje, mas vamos votar, sim senhor, e vamos aprovar esse Decreto Legislativo de autoria do Ver. João Antonio Dib, que em hora inspirada o propôs à Casa.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Reginaldo Pujol, apenas para sublinhar que, se estivesse em votação o aumento das passagens de ônibus, a Bancada do Governo estaria inteiramente aqui; mas, como não é para aumentar o preço das passagens de ônibus, e é para desconstituir o aumento no bolso do trabalhador, aí, conseqüentemente, a bancada governista está desfalcada na Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Passagens de ônibus vamos tratar em outra oportunidade. Vamos começar defendendo o maior conjunto de consumidores que há numa cidade. Nada é mais consumido em Porto Alegre do que a água, em caráter de monopólio distribuída pelo DMAE, cujo preço nos impõe um canetaço do Prefeito, contrariando a lei, como bem acentua o Ver. Luiz Braz, no seu magnífico parecer oferecido na Comissão de Constituição e Justiça.

Então, Ver. João Antonio Dib, quero assegurar a V. Ex.ª que, hoje, segunda-feira, quando for possível, vou estar junto com V. Ex.ª, fazendo esta Câmara se transformar em respeitável, cumprindo uma das suas maiores finalidades, que é a de zelar pelo cumprimento da lei e da defesa dos contribuintes, dos usuários do sistema de água, enfim, da população de Porto Alegre, que não pode continuar sendo extorquida - Extorquida sim senhor! Mais do que eu estou atentando contra o tempo, atenta o Governo do Município contra a bolsa do verdadeiro trabalhador de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, este Decreto Legislativo é um Decreto contra a saúde pública. O Ver. João Antonio Dib, inconformado com a decisão do Prefeito que referendou ato do Conselho Administrativo do DMAE sobre as tarifas, fez um Decreto. O que diz o Decreto do Ver. João Antonio Dib? Ele ataca o Decreto do Executivo em duas formas - o Projeto, de sua lavra, Ver. João Antonio Dib -, depois de todas as questões preliminares, diz: “Dessa forma o Executivo Municipal usurpou a competência legislativa, pois só através de Lei Complementar, e não por Decreto, poderia alterar o preço básico do serviço de água e esgoto.” Ora, eu quero recordar, Ver. João Antonio Dib, que na Sessão passada V. Ex.ª foi relator de matéria em reunião conjunta de Comissões, a respeito de um Projeto proposto pelo Ver. Luiz Braz, em que ele intenta transformar, na cidade de Porto Alegre, a tarifa em taxa, para fazer com que isso se transforme, então, em necessária passagem pelo Legislativo. V. Ex.ª naquela oportunidade, como é o conveniente, fez um Parecer dizendo que era legal, regimental e foi aprovado, contra o nosso voto, inclusive. Mas, numa declaração, V. Ex.ª diz o seguinte, já antecipando a sua posição: “Vou votar no mérito contra a que se transforme a questão das tarifas e preços públicos em taxa.” Aí o Ver. João Antonio Dib, na sua justificativa, coloca que o Prefeito tinha de mandar para Câmara a questão da tarifa que ele fez por Decreto, que é da sua competência. Bom, se não for a minha palavra e os entendimentos do Ver. João Antonio Dib, o Ver. João Antonio Dib já deu o entendimento de mérito dele sobre esse assunto, no Projeto do Ver. Luiz Braz, dizendo que votará contra a tarifa vir para cá. Mas vamos achar um tertius para dirimir a nossa divergência, Ver. João Antonio Dib, e o tertius só pode ser o Judiciário.

Pois eu vou, então, lá em sede de mandado de segurança, o Ver. Sebastião Melo que intentou, por várias vezes, segurar e sustar o Projeto, o Juiz que analisou fez a seguinte consideração, depois de ter analisado a preliminar de se podia ou não fazer o mandado de segurança para a matéria. O que ele diz? Que mesmo ultrapassando a preliminar, para evitar que se retornasse aos autos do processo, ele analisa o mérito e diz o seguinte: (Lê.) “O art. 34 da Lei Complementar, conferida pela redação n.º 206/89, faz com que a tarifa seja para atender aos custos de operação, manutenção e expansão do serviço.” Ele vai mais longe, dizendo que é a própria Lei que determina. Depois ele alerta que existe a Lei n.º 2.312, é o magistrado que diz que 25% do valor da tarifa tem de ser aplicado em investimento.

Então, Vereador, quem fala isso é o Juiz de Direito Almir Porto da Rocha Filho, em 14 de abril. Ele diz ainda: (Lê.) “Não pode ser confundida a situação de reajuste para reposições inflacionárias que são feitas pelo IGPM.”

Aí vou atacar o segundo argumento. (Lê.) “Tratou-se, em verdade, de atitude de menosprezo e de desrespeito ao Poder Legislativo, pois o Decreto poderia reajustar o preço básico até o limite do IGPM, jamais índice superior a sua avaliação, o que contrariou o ordenamento jurídico.” Então, lá vem o magistrado que enfrentou, primeiramente - é o Juiz da 4.ª Vara da Fazenda Pública, no 1.º Juizado, e diz o seguinte, sobre essa sua exposição, Ver. João Antonio Dib: (Lê.) “Não pode ser confundida a situação de reajuste para reposição inflacionária, que são feitos pelo IGPM, na forma do art. 36, parágrafo 4.º da Lei Complementar n.º 170, com realinhamento de tarifa. Estes podem acontecer para evitar operação deficitária, assim como para melhorias nos serviços, afastando-se colapso no sistema, como tem ocorrido em tantas outras cidades do País.”

Sr. Presidente, meu tempo está esgotado. Parece que a Ver.ª Maria Celeste me concederia seu tempo. O Ver. João Antonio Dib diz que não concorda com a cedência para eu dar continuidade à minha manifestação. É um fato inédito! Ele interrompe meu raciocínio, mas não interrompe a justeza das minhas palavras. Eu continuarei logo depois da sua manifestação. Tenho de responder duas coisas, Ver. João Antonio Dib: por que um Decreto é contra a saúde pública na Cidade e por que V. Ex.ª está-se pondo contra à sua própria opinião à respeito do mérito de tarifa ou taxa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero saudar o ex-Vereador Dr. Nei Silveira da Rosa, que foi Secretário de Transportes e meu Secretário, do qual tive a honra de ser o seu assistente, pela presença.

Vou começar, já que virei saco de pancadas aqui, pelo nobre Ver. Estilac Xavier, pela saúde. É preciso ter passado, para falar em saúde e em preocupação com a saúde dos menos aquinhoados.

No dia 13 de dezembro de 1975 - eu era Diretor do DMAE e o Presidente desta Casa era o Ver. José Cesar de Mesquita -, eu levei, em mãos, ao Presidente da Câmara, um Projeto de Lei para ser aprovado, porque me preocupava com a saúde daqueles que têm menos. Ele me olhou e disse: “Dib, tu estás louco, nós só temos amanhã, porque dia 15 se vota a Mesa da Câmara e entramos em recesso.” E eu disse: “É por eu estar louco que eu quero que ele seja aprovado em vinte e quatro horas.” Depois de vinte e quatro horas, a Câmara aprovava o Projeto de Lei, levado em mãos pelo Diretor-Geral do DMAE - este Vereador que se preocupa com a saúde -: gratuidade nas ligações de água e esgoto em vilas populares.

Agora, eu fico muito preocupado com o Prefeito que abandonou a Cidade sem se preocupar com ela, sem cuidar das suas responsabilidades e o fez de maneira diferente daquele Prefeito que um dia pensou que havia jurado a Lei Orgânica. Eu tenho em mãos o Projeto enviado pelo Prefeito, que fugiu, no dia 07 de abril de 1993, ano em que ele assumiu, com a sua “cobrinha” como assinatura, onde ele manda um Projeto de Lei que trata do realinhamento do preço básico praticado pelo DMAE. Porque a Lei Complementar n.º 250 é clara, precisa e concisa. (Lê) “O reajuste se faz em cima do preço básico, mais o IGPM”, tão-somente isso. Mas ele colocou o IGPM sobre tudo o que aconteceu até fevereiro deste ano e, na hora de sair, porque ele quase não ia na Prefeitura mesmo, viajou pelo mundo todo, foi discutir, no interior do Estado, a sua candidatura, que ele jurou que não seria candidato, ele não estava preocupado com os problemas da Cidade - faltava para ele responsabilidade! -, então, ele mandou um Decreto. E aí, vem me falar em saúde. Um homem não tem preocupação. E aí, nós pensamos que ele aumentou só 18%. Não, tem aumento aqui de 1.096%! É abuso, sim, não há dúvida nenhuma de que ele abusou! É por isso que o Juiz lá não sabia, não foi às mãos do juiz isso aqui. Mas eu até vou deixar de lado os 1.096% e vou olhar... Claro, ele criou, por exemplo, um novo serviço, uma cobrança de serviço para fazer uma análise de um projeto de água e esgoto num loteamento de 20.000m2, ele passou a cobrar 911 reais. O autor do projeto é capaz de não cobrar isso!

Mas ainda não é o que eu quero falar da saúde. Esses meninos que vêm aqui me colocam um monte de coisas. Quando se faz um corte d’água, depois, tem que pedir a religação. Bom, aí, aquele pobre que tem 3/4 de polegada – que são os pobres desta Cidade – teve um aumento da religação de 123%. E aquele rico que tem piscina, 50 milímetros, duas polegadas, ele teve até uma redução de 0,01%. Mas que preocupação é esta com a saúde? Onde está esta preocupação? Cobrando mais de quem tem menos e cobrando menos de quem tem mais? Mas que saúde é esta? E as canalizações de água para aquele que não pode? De 3/4 de polegada, aumentaram 94,6%! Para o dono da piscina, aumentou 1,29%. E querem me falar em saúde? Olhem, aqueles que vieram acompanhar os comerciários já foram, é uma pena, seria bom que eles ouvisse como o PT trata a saúde, mas, principalmente, como arranca dinheiro dos munícipes de forma absolutamente ilegal, como ilegal foi aquela planta de valores do dia 28 de dezembro de 1991, que foi publicada no Diário Oficial, e até hoje não tem a sua redação final aprovada. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02 por cessão de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu nunca imaginei que contrastar idéias com pessoas tão inteligentes como é o Ver. João Antonio Dib fosse uma questão de ordem pessoal. Ao contrário, eu sempre tenho prestigiado a inteligência do Vereador, por ouvi-lo, e aprender com ele. Agora, tenho o pleno direito de contestá-lo, quando acho que estou com uma opinião diversa, tal como o Vereador também pode fazer em relação a mim. Então, não vamos dizer que resolvemos pegar o Ver. João Antonio Dib para “saco de pancada”, porque, se tivéssemos essa opção aqui na Casa, seguramente o Ver. João Antonio Dib não estaria na lista de quem seriam os espancados. Pode ter certeza disso. Agora, o Ver. João Antonio Dib não respondeu.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, Ver. Estilac Xavier, só para registrar a ausência do Ver. Sebastião Melo, que era um dos que mais queria votar este Projeto hoje e que não está nem para debater.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Pois é. O público tem de estar avaliando. O Ver. João Antonio Dib não respondeu a duas questões. E eu fui claro, conciso e preciso: V. Ex.ª tem uma posição de mérito sobre taxa e tarifa, e V. Ex.ª não se pronunciou sobre isso. V. Ex.ª usou isso como justificativa. Eu afirmo que esse Decreto é contra a saúde pública, porque V. Ex.ª sabe que os estudos dizem que para cada dólar na área de saneamento, que é sobre o que estamos tratando, economiza-se de 5 a 8% na área de saúde. Mas isso não é suficiente. V. Ex.ª também sabe que foram dois decretos. Um que tratou da tarifa da água, o preço por metro cúbico, e outro dos serviços complementares. Aí o Ver. João Antonio Dib usa uma técnica jornalística, que é de falar nos percentuais. Aumentou 1.000%, se eu pegar a base, pode ser 900%; mas ele não diz sobre o quê. Pois eu vou revelar aqui. O valor que ele fala que aumentou 1000% é a ligação de esgoto que envolve areia, a caixa, canos, cimento, hora do homem que trabalhada mais o BDI, e que hoje tem o fantástico valor de 8,26 reais, cujo valor de mercado é de 400 reais. A Administração fez uma pequena correção para 90 reais. Qual é o problema, Ver. João Antonio Dib? Essa é a forma correta de dizer. V. Ex.ª só falou uma parte, mas com muita honra lhe concedo um aparte.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Estilac Xavier, ao contrário, eu disse que não falaria dos 1.096%. Mas isso é a técnica do PT, quando falaram nas ligações telefônicas, na CRT, foram 200%, passou de dois para seis reais. Mas, esse dólar gasto em saúde, mostrei que fizemos, preocupados com a saúde, ligação gratuita e que continua até hoje, porque é lei, senão o DMAE já tinha tomado. Mas também mostrei que o menos aquinhoado paga mais para religar a água. Então, não sei o que fiquei devendo para V. Ex.ª.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: V. Ex.ª, pelo que estou vendo, condenou o uso, segundo o que V. Ex.ª disse, da nossa intervenção a respeito dos 200%. Mas qual é a sua posição, de fato, então V. Ex.ª aderiu à nossa posição também sobre os 200% lá naquela época? Porque agora está usando o mesmo argumento contra nós. Quero lhe dizer, Ver. João Antonio Dib, quando o PT assumiu a administração de Porto Alegre, tínhamos 2% de esgoto tratado; estamos em 27%. E vamos chegar, depois que fizermos a Estação da Ponta da Cadeia e Cavalhada, a 77% de esgoto tratado. Vou repetir o número, porque isso deve assustar o Ver. João Antonio Dib – ele foi Prefeito da Cidade. Quando o PT entrou, em 1989, 2% do esgoto era tratado, hoje são 27%, e vai chegar até 2006, aproximadamente, a 77%. De 2% a 77%, em quatorze anos de Administração. Isso é saúde, é qualidade de vida. Ver. João Antonio Dib, o problema é que V. Ex.ª sabe como é importante para a sanidade do DMAE o tratamento pela tarifa, porque se vem para cá, V. Ex.ª bem sabe que aqui se faz jogo demagógico, arrastam-se os processos em nome de defesa de consumidores. O Ver. Reginaldo Pujol, que também queria votar o Projeto, já se ausentou. O Ver. Sebastião Melo da mesma forma. Quero dizer que isso é muito sério, porque estamos tratando de saúde pública e o Ver. João Antonio Dib não convenceu sobre os argumentos e não esclareceu a sua posição sobre o mérito da tarifa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir o PDL n.º 001/02.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, não só esses Vereadores que o Ver. Estilac Xavier mencionou, mas o próprio Ver. Isaac Ainhorn, que, há poucos minutos, acusou a Bancada do PT de não estar aqui para a discussão - a Bancada do PT está toda aqui -, não está aqui para a discussão. Não se está discutindo a legalidade do Decreto Legislativo, o Decreto Legislativo é perfeitamente legítimo, legal, ele se fundamenta no artigo 49 da Constituição Federal, que diz que é competência exclusiva do Congresso Nacional, inciso V, sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, ou dos limites de delegação legislativa. Então o Decreto Legislativo, em nível municipal, pode fazer por similitude... Isso não está em discussão, o que está em discussão é se houve exorbitância ou não do Poder Executivo, e quem é que dirime, Ver. Estilac Xavier, se há ou não há exorbitância, é o tertius, que V. Ex.ª falou, é o tertius, é o Poder Judiciário. Só o Poder Judiciário é que pode dizer se houve ou não houve essa exorbitância. Provocado, inclusive por Vereador desta Casa - há pouco falou aqui o Ver. Sebastião Melo -, o Judiciário se manifestou sobre isso, se manifestou em dois mandados de segurança e disse que não houve exorbitância de parte do Executivo. Como é que esta Casa vai se sobrepor ao Judiciário?

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª está martelando de forma lúcida e correta a questão; tanto na questão que diz respeito à legalidade, o Judiciário já disse: “É legal, o Prefeito pode.” Quanto aos valores que foram realinhados: “É legal, o Prefeito pode.” E agora estão querendo sustar. Se vencerem aqui, vamos, novamente, ao Judiciário...

 

O SR. ZÉ VALDIR: Vamos ao Judiciário para reafirmar o que já havia sido reafirmado. Por isso é que esta Casa se desgasta, Vereador, e, às vezes, utiliza mal os instrumentos importantes que o Legislativo tem.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Ex.ª que, segundo o Ver. Estilac Xavier, está falando com tanta lucidez, poderia-me dizer se aquela ação que nós entramos no Ministério Público também foi rejeitada ou só os mandados de segurança do Ver. Sebastião Melo?

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Permita-me, Ver. João Antonio Dib, tanto o seu, quanto o do Ministério Público, quanto o do Ver. Sebastião Melo, todos foram rejeitados no mérito. Todos. Inclusive este assunto era para ser trazido exatamente neste momento e nesta oportunidade. Portanto, este assunto está...

 

O SR. ZÉ VALDIR: Mas mesmo sobre dois mandados de segurança o Judiciário se manifestou! Com é que esta Casa vai-se sobrepor agora, aprovando um Decreto, para que recorramos, e para que o Judiciário diga a mesma coisa que já disse?

Quanto ao mérito da matéria, não dá para deixarmos passar em brancas nuvens o fato de que esse realinhamento de preços é para garantir o cumprimento da lei, os 25% de investimentos e, conseqüentemente, garantir a qualidade do serviço de água para a população de Porto Alegre. Então, não dá para vir a esta tribuna defender que os serviços públicos têm de ter qualidade e depois defender que o Executivo não tenha os recursos para garantir a qualidade!

Por último, Vereadores, eu não posso deixar passar em julgado aqui certas afirmações como a de que o Executivo está atropelando o Legislativo, não respeita o Legislativo! Ora, Vereadores que vêm a esta tribuna falar isso são os Vereadores cujos partidos, no Congresso Nacional, dão sustentação ao Presidente, que governa por medida provisória, que coloca, permanentemente, o Congresso Nacional de joelhos. Então, não dá para, mais uma vez, fazerem um discurso aqui, acusarem coisas que não se fazem no Município, e, em nível nacional, darem sustentação a um Governo que aí, sim, coloca e submete, permanentemente, o Congresso Nacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): De acordo com o que determina o art. 145 do Regimento, a Sessão poderá ser prorrogada por prazo não superior a duas horas, para discussão e votação da matéria constante na Ordem do Dia, desde que requerida por Vereador ou proposta pelo Presidente e aprovada pelo Plenário. Portanto, neste momento, 13h56min, a Sessão deverá ser prorrogada.

Em votação a prorrogação da Sessão. O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar a prorrogação da Sessão.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós votaremos pela prorrogação. Agora quero fazer uma homenagem aos que resistem aqui neste Plenário: as taquígrafas, o público presente, o Sr. Presidente, o Ver. Valdir Caetano, o Ver. Marcelo Danéris, o Ver. Aldacir Oliboni, a Ver.ª Maria Celeste, o Ver. Zé Valdir, a Ver.ª Sofia Cavedon, o Ver. Juarez Pinheiro, a Ver.ª Maristela Maffei, o nosso Líder e o proponente, nosso nobre colega Ver. João Antonio Dib. Eu quero dizer que estamos aqui para sustentar a discussão e a votação do seu Decreto-Lei. Vi manifestações aqui, Sr. Presidente, como foi o caso da do Ver. Sebastião Melo, no sentido de que tinha porque tinha de votar hoje. Vi manifestações do Ver. Isaac Ainhorn, do Ver. Reginaldo Pujol. Pois nossa Bancada está aqui, toda ela, a Bancada do PSB, do PT, desde o início, sustentando a discussão. E nós estamos aqui para garantir que o Decreto seja analisado, embora, no mérito, sejamos contra ele. Mas, como diz aquela máxima: “Defendemos o seu direito de dizer as suas razões até a morte, embora possamos ser contrários a elas.” É isso que a nossa Bancada, honrando o seu trabalho aqui dentro, fez. Somos contra a sua posição, mas estamos aqui de pé e presentes, e defendemos nossas opiniões. E, se for necessário, ficaremos as duas horas para fazer a apreciação e votação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a prorrogação da Sessão.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, o meu pedido de desculpas ao serviço de Taquigrafia, porque eu as prendo aqui ainda, mas eu preciso encaminhar, porque as coisas não devem passar em brancas nuvens. Dá a impressão de que não há coerência nos posicionamentos de alguns Vereadores desta Casa. Eu, na exposição que fiz em relação ao Projeto de abertura ou não do comércio aos domingos, mostrei claramente que os discursos ocos e vazios foram feitos nesta tribuna repetidamente, porque não queriam votar. Nós começamos a votação no dia 29 de maio, e terminamos hoje. Agora é preciso ter condições para falar em retirada de quórum, é preciso ter memória. Por exemplo, se tivessem votado a prorrogação da Sessão, nós não teríamos como aprovar a prorrogação, estava encerrada, mas o Vereador quis falar da retirada de quórum dos ausentes. Eu vou lembrar que, há pouco tempo, a pressa era tanta para retirar o quórum, que a Bancada do PT não teve dúvidas, derrubou o veto do Prefeito, porque os Vereadores estavam falando e eles queriam encerrar porque tinha o Orçamento Participativo e derrubaram veto do Prefeito. Então, é preciso ter memória para vir à tribuna e criticar quem aqui está.

Agora, eu não tenho nenhuma preocupação em fazer a verificação nominal dos presentes, porque eu chego aqui em primeiro lugar, realmente sou o primeiro a chegar e o último a sair. Então, eu só tenho que me penitenciar hoje que seguramos os servidores, a segurança, seguramos a Taquigrafia, que não tinha que sofrer com essas barbaridades que ocorrem aqui. É a repetição de discursos vazios, ocos, e que fizeram com que apenas noventa e nove projetos ficassem na Ordem do Dia. Eu estou ansioso, muito ansioso pelo dia da ordem. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Diretoria Legislativa também, o Mário. Eu acho que é importante que esta Casa... É importante que os Vereadores estejam aqui, mas há toda uma sustentação por trás que sempre ajuda a totalidade dos Vereadores para que nós possamos fazer o nosso trabalho.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Marcelo Danéris, a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Após apuração nominal.) Oito votos SIM. Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 14h04min.)

 

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